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EM RESPEITO A DEMOCRACIA E A CIDADANIA

Escrito po: (Funcionária Pública Federal)

13/10/2010


Julia Nogueira

A construção do processo democrático no Brasil já é uma realidade inquestionável, ainda que as elites conservadoras e as forças reacionárias atuantes no país continuem de forma escandalosa a defender o retorcesso e trabalhando no sentido de impedir o avanço, emperrar e atrapalhar esse processo, mas felizmente pouco sucesso tem conseguido no objetivo da retomada do autoritarismo e antidemocratismo que por longos períodos pontuaram a história brasileira.

A democracia e a consolidação das instituições democráticas no país são elementos essenciais para a libertação do povo da opressão e na possibilidade de se construir uma sociedade com menos desigualdade social, com mais humanidade, justiça e solidariedade entre seus pares.

Ao longo de minha caminhada nesta vida sempre procurei pautar minhas ações em valores éticos, com responsabilidade, na defesa dos direitos humanos, lutando em todas as frentes para que a justiça seja efetivamente um princípio distribuido equitativamente entre todos os brasileiros.

Católica de origem e de formação, nunca tive vergonha de assumir minha opção religiosa em qualquer espaço, sempre me esforcei por praticar no dia-a-dia os ensinamentos professados por aquele que foi e é o maior entre os homens: Jesus de Nazaré durante seus 33 anos de experiência humana.

Com esses ensinamentos proferidos por Jesus e tudo que nos apresenta o Evangelho como fruto da vivência e experiência dos apóstolos foi que aprendi que só pode atirar a primeira pedra aquele que estiver livre do pecado, foi também bebendo e alimentando-me dos ensinamentos bíblicos que compreendi a inesgotável fonte de misericórdia e compaixão exercitados pelo mestre Jesus.

Por tudo isso, me deixa bastante surpresa e decepcionada ouvir de um padre católico, o Padre José Augusto, em uma celebração na Canção Nova, transmitida em rede nacional, ao vivo na manhã do dia 05.10.2010, às 7:00 horas, durante a celebração da Santa Missa, por ocasião da homilia verbalizou o seu temor de que no segundo turno das eleições presidenciais pudesse ser vencedor o PT, pois isso significaria a aprovação do aborto e do casamento entre homossexuais.

Sinto-me bastante a vontade para também me manifestar e refletir sobre tal homilia, o bom pastor não é aquele que diz qual é o caminho, mas sobretudo, aquele que conduz seu rebanho de forma autonoma, independente e lhe permite exercitar o livre arbitrío do qual fomos dotados por obra e graça divina.

Ser padre, ser religioso significa ter a sensibilidade, a humanidade, a solidariedade e a compaixão para não julgar e condenar, mas antes de tudo deve oportunizar a defesa e o perdão àqueles que por algum motivo se desviaram do caminho.

A homilia me lembrou bastante o medo expressado por uma atriz alguns anos atrás, e eu aqui também gostaria de expressar meus medos: medo da fome, medo da desigualdade, medo da ignorância, medo do preconceito, medo dos boatos e mentiras e principalmente o medo da intolerância que nos leva a querer eliminar os diferentes.

Eu também defendo a VIDA, por isso batalho para as pessoas possam viver com dignidade, tenham emprego, possam se alimentar, ir a escola, e os dados estatisticos amplamente divulgados demonstram o PT no poder já possibilitou que milhares de brasileiros pudessem sair da situação de miséria, isso também não importa?

Como católica e defendora da democracia que tão caro nos custou, até porque muitos tombaram e outros até hoje continuam desaparecidos para que esta pudesse ser restabelecida no país. Também é bom registrar que no início do nosso mais longo regime de exceção vivido no Brasil (a ditadura militar de 64), infelizmente lá estava a Igreja Católica a apoiar o golpe, como também é verdade que logo reviu e que grandes figuras da Igreja se destacaram no combate a ditadura como Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Helder Camara, só para citar alguns dentre tantos outros católicos que souberam viver a fé e os ensinamentos do Evangelho.

Assim como o inicio do ditadura militar no Brasil, podemos citar a Inquisão, o Comunismo e outros tantos momentos que a Igreja errou e que esse erro ou omissão como no caso do nazismo levou à morte milhares de pessoas.

Padre José Augusto, em vez de estar atemorizado e estar aterrorizando os católicos, por que não somar aos milhares de brasileiros que lutam por instituições fortes, que combatem a exclusão social e fortalecer nossa democracia convocando os candidatos a debaterem aí mesmo na Canção Nova suas propostas, seus projetos e permitir que os católicos de forma consciente, com responsabilidade e maturidade possam definir os rumos da nação brasileira.

São Luis/MA, 05 de outubro de 2010
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