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COVID19: já é hora de estatizar a rede privada de saúde

Publicado: 11 Maio, 2020 - 12h17

 

No Brasil a saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Partindo-se deste dever constitucional, não se pode aceitar a existência de brasileiros que tenham garantido o direito à vida e outros que serão escolhidos para morrer na fila do SUS – Sistema Único de Saúde por ausência de vagas de UTI na rede pública.

 

Até então, com dois meses de pandemia, o Sistema Único de Saúde vinha respondendo a maior crise sanitária da história, a pandemia do novo coronavírus (COVID-19), bem dentro das suas limitações.

 

O debate do desfinanciamento do SUS dos últimos anos não pode ser ignorado ou escamoteado neste momento. A direita brasileira acabou com a CPMF - Imposto sobre Cheques e Operações Financeiras retirando R$ 40 bilhões, em seguida, não satisfeita, congelou os gastos dos investimentos públicos por meio da Emenda Constitucional 95.

 

As opções eleitorais do próprio povo parecem ter selado o pior destino aos mais pobres. Contudo, nada é impossível de ser mudado. O destino sempre será uma história a ser escrita, não é um livro pronto, mas um caderno de folhas em branco para quem quer escrever a própria história.

 

O povo brasileiro fez uma péssima opção eleitoral, pois foi levado a acreditar no discurso da elite, que marginaliza a atividade estatal, para tomar para si o dinheiro público como se a ela pertencesse.

 

Recentemente Paulo Guedes disse, em uma crise rara de “sincericídio”, que “200 milhões de trouxas são explorados por seis bancos”, como se quisesse esconder que ele mesmo repassou para os bancos, sobre pretexto de ajudá-los na pandemia de COVID 19, mais de R$ 1,2  trilhões.

 

Não se pode entender que no esforço nacional contra o COVID19, R$ 64 bilhões estão sendo utilizados para pagar o benefício assistencial de mais de 50 milhões de brasileiros, para empresas e bancos serão dados quase R$ 2 trilhões.

 

Em nosso país só 25 % da população tem acesso a plano de saúde. Logo, 75% têm no SUS como opção única de acesso aos serviços de saúde. Entretanto, dos 40,6 mil leitos de UTI no Brasil, apenas 17,9 mil estão no setor público.

 

Não podemos admitir que milhares de brasileiros possam sucumbir por ausência de leitos de UTI.

 

Não há outra saída: o Estado brasileiro deve criar imediatamente a fila única de UTI, lançando mão dos leitos da rede privada, para que todos os brasileiros possam ter a possibilidade de acessar, se necessário, o leito de UTI com respiradores.

 

O Estado deve estatizar empresas que produzem insumos de saúde, EPIs e respiradores, pois todos devem participar do esforço de guerra.

 

Ao contrário, vamos admitir que permitimos a implantação da pena de morte, deixando aos mais pobres a morte de COVID-19.

 

 

Sandro Cezar é presidente da CNTSS/CUtT – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social e da CUT/RJ – Central Única dos Trabalhadores do Rio de Janeiro