A enfermagem e todos os profissionais da saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia do Coronavírus no Brasil foram aplaudidos pela população em quarentena, das janelas de suas casas, mais de uma vez ao longo desta primeira semana de confinamento.

Os aplausos são bem-vindos e emocionam, mas o que precisamos de verdade é a valorização e o respeito dos nossos governantes para que possamos atender adequadamente a população. Em especial neste ano, decretado pela ONU como Ano Internacional da Enfermagem.

Os enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais profissionais da saúde que estão atendendo a comunidade neste momento precisam ter os Equipamentos de Proteção Individual necessários para sua segurança. Profissionais que estão nos grupos de risco, como as gestantes e os portadores de doenças crônicas, devem ser dispensados do trabalho. As mesmas regras que valem para a população também devem valer para os profissionais.

A situação atual evidencia o descaso com a saúde pública em nosso país. Não há valorização dos profissionais, não somente em relação às condições de trabalho, insumos e equipamentos, mas também quanto à remuneração justa e carga horária adequada - há anos tramita um projeto que estabelece a carga horária de 30h semanais para a Enfermagem, como preconiza a Organização Mundial da Saúde.

Neste momento grave o sistema único de saúde, maior empregador da enfermagem, precisa da revogação da EC 95, pois só assim conseguiremos vencer o Covid-19. Também não podemos deixar de lembrar neste momento todos os pleitos da Enfermagem e das demais profissões, que não são de hoje, e que seriam estratégicos para o Brasil a enfrentar não somente o Covid-19, mas outras epidemias que urgem.

Cláudia Franco, enfermeira, presidente do SERGS – Sindicato da Enfermagem do Rio Grande do Sul e secretária de Políticas Sociais da CNTSS/CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social