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A CUT e a saída política para a crise

Escrito po: Júlio Turra

02/06/2017

Crise política levou à paralisia das instituições, salvo do Judiciário e Ministério Público que estão hiperativos, criando um vazio político que coloca a questão central de “quem governa esse país"

 

Em 18 de maio, um dia após o vazamento da delação da JBS incriminando Temer e Aécio feito via jornal “O Globo”, o presidente ilegítimo disse em rede nacional que não renuncia, mas o seu governo acabou, é uma questão de dias.

 

As ratazanas da base parlamentar de Temer – “a maior que um presidente já teve na história” – começaram a abandonar o barco, bem como alguns ministros e a sua “não renúncia” imediata apenas fez com que a crise política, sob o pano de fundo da crise econômica e social, se agudizasse.

 

A Bolsa e os negócios esperam alguma definição, a Câmara e o Senado suspenderam seus trabalhos, enquanto o STF manda prender a irmã de Aécio que tem seu passaporte confiscado e carreira política liquidada. Novas delações são reveladas a cada dia, envolvendo outros figurões, com farta cobertura e malhação da Globo nos seus antigos “queridinhos”. É claro que serão redobrados também ataques e provocações contra Lula que aparece, perigosamente para o “mercado” (vale dizer o imperialismo e grandes grupos capitalistas), como favorito em eleições presidenciais em todas as pesquisas.

 

A atual crise política levou à paralisia das instituições, salvo do Judiciário e Ministério Público que estão hiperativos, criando um vazio político que coloca a questão central de “quem governa esse país”.

 

Luta de classe isola Temer

 

Em última instância quem criou tal situação de vazio de poder foi a força demonstrada pela classe trabalhadora nas grandes mobilizações de março e na greve geral de 28 de abril. Foi essa luta de classe direta, por “Nenhum direito a menos”, que nocauteou o governo Temer e colocou em dúvida, para o grande capital, a sua capacidade de levar até o fim as contrarreformas da Previdência e trabalhista.

 

A recuperação visível do PT e da esquerda também se alimentou dessa luta de classe direta e o lançamento, de fato, de Lula como candidato à presidência (como se viu no ato dos 50 mil em Curitiba, quando de sua audiência com o inquisidor Moro) aparece aos olhos de amplas massas como a saída concreta e imediata para a crise que penaliza os trabalhadores e o povo pobre.

 

E para tanto, a ação e as posições adotadas pela CUT - não dar um segundo de trégua ao governo Temer – foram decisivas.

 

Recordemos a resolução adotada pela Executiva nacional da CUT em sua reunião de 3 de maio, a qual fez o balanço da jornada de greve geral de 28 de abril, publicada neste site no dia 5, em particular quando ela afirma:

 

“Uma vez derrotado o governo Temer na sua agenda de ataques aos direitos trabalhistas e à aposentadoria, abre-se a via para uma saída democrática para a crise em que o golpismo mergulhou o Brasil: dar a palavra ao povo soberano com antecipação das eleições, Lula presidente e uma Constituinte que anule todas as medidas antinacionais e contrárias ao povo trabalhador já adotadas pelo Congresso servil, abrindo a via para as reformas populares necessárias”.

 

Ampliar a mobilização, abrir uma saída dando a palavra ao povo

 

Hoje, Temer “arruma as malas” para sair da presidência, o empresariado, que apoiou o golpe do impeachment, busca uma alternativa mais segura para prosseguir na “agenda de ataques aos direitos” e também na pilhagem do patrimônio público (estatais, petróleo etc), mas amplas massas de trabalhadores e setores populares testaram e sentiram a sua força em março e abril e saem às ruas por “Fora Temer” e “Diretas Já”.

 

A posição da CUT no quadro de mobilizações unitárias – que levam até a Força Sindical, por pressão de suas bases, a anunciar que participará da manifestação de 21 de maio – é essencial e ela está dada pela resolução de sua Executiva nacional citada acima: Fora Temer, dar a palavra ao povo com antecipação de eleições (Diretas Já), Lula presidente e uma Constituinte que anule todas as medidas dos golpistas e abra a via para as reformas populares.

 

Resolução que arma todos e todas dirigentes cutistas para expressar, no quadro da mais ampla unidade, a posição independente de nossa central.

 

Sim, pois se Temer diz que não renuncia, é hora de derrubá-lo. Existe uma alternativa concreta, aos olhos do povo trabalhador, que é Lula presidente. Mas, como tirar Temer e deixar o atual Congresso corrupto, golpista e reacionário intocado para aplicar as “reformas” que liquidam direitos? É preciso também eleições diretas para uma Constituinte soberana que livre o povo brasileiro do atual balcão de negócios do Congresso Nacional!

 

Como vão se encadear ou se combinar esses elementos, é a evolução da situação da luta de classes que vai dizer. Mas chegou o momento de afirmar a necessária saída democrática, rejeitando uma eleição indireta pelo atual Congresso, e afirmando Diretas Já com o conteúdo acima.

 

Os atos em todo o país em 21 de maio e a Marcha a Brasília de 24 de maio pedem da CUT, a maior organização sindical dos trabalhadores que constroem a nação brasileira, uma orientação que nossa central tem todas as condições de oferecer. É a tarefa do momento.

 

 

 

Júlio Turra, Diretor Executivo da CUT Nacional

 
 
 
 
 
 
 
 
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