Nossa maior bomba social
Publicado: 18 Julho, 2012 - 10h37
Os dados são do "Mapa da Violência 2012 - Crianças e Adolescentes do Brasil", pesquisa que será lançada hoje (18 de julho). O levantamento analisa as informações do Ministério da Saúde sobre as causas das mortes de pessoas entre zero e 19 anos de idade. No período, entre 1980 e 2010, os homicídios como um todo cresceram 259%.
Artigo de - Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Colunista da Folha de São Paulo
O aumento vertiginoso do assassinato de jovens no Brasil é apenas um reflexo do que considero nossa maior bomba social: o abandono da juventude. É um tema que, apesar de todos os avanços, ainda está não está na agenda do brasileiro.
O problema do assassinato é, claro, grave. Mais grave ainda, já que afeta milhões de brasileiros, é o maior gargalo da educação brasileira: o ensino médio, onde existe uma expressiva evasão. Mesmo os que não abandonam a escola veem pouco interesse no que aprendem (ou deveriam aprender) em sala de aula, tamanha a desconexão com a realidade.
É mínima a porcentagem dos alunos que saem do ensino público com conhecimentos apropriados em português e matemática. Basta ver que, mesmo entre universitários, existe uma espécie de analfabetismo funcional. Leem mas não entendem um texto.
Criam-se assim batalhões de jovens com baixa escolaridade e poucas perspectivas profissionais, vivendo em comunidade em que impera a delinquência. Na maioria das vezes, são lugares sem opções de lazer, tirando os bares. Natural a tentação de entrar no mercado da droga ou das quadrilhas.
Uma das saídas é a educação em tempo integral nas comunidades mais pobres, onde os alunos tivessem muito estímulo cultural e ensino técnico para obter um emprego.
É caro, eu sei. Mas não oferecer boa educação sai mais caro ainda. Muitas vezes, custam vidas.