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CRISE: O BRASIL JÁ ESTAVA VACINADO
Crise: o Brasil já estava vacinado
11/05/2009
*Waldir Tadeu David
Muito se tem falado sobre a crise financeira originada nos Estados Unidos e seus reflexos no Brasil. No entanto, ao contrário de outros países, esta crise não chegou a desacelerar a economia brasileira, e o governo federal, que já havia feito a lição de casa, agiu rápido no estímulo à produção em setores que ameaçavam demitir - caso, por exemplo, da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no valor dos automóveis.
Assim, afirmo com convicção, não vejo crise no Brasil. Ao menos não da forma como gostaria a grande imprensa, sempre preocupada em encontrar defeitos no governo Lula. Os brasileiros ainda não sabiam, mas ao dar um basta ao neoliberalismo dos tucanos nas duas últimas eleições presidenciais, estavam também se vacinando e prevenindo dessa doença tão grave que é entregar ao mercado o controle econômico. Na meca do capitalismo, os EUA, grandes empresários foram de jatinho passar o pires para pedir dinheiro ao Estado. E nós, na linha abaixo do Equador, a essa altura já estávamos livres até do Fundo Monetário Internacional (FMI), graças a uma política séria de ajuste desenvolvida pela gestão petista.
Estamos, sim, numa situação privilegiada. Claro que há problemas localizados: nos hospitais, por exemplo, existem casos de fechamentos e fusões, resultando em problemas para os trabalhadores. Mas não são frutos de nenhuma crise econômica, e sim da má gestão dos administradores. Outros setores também têm conseguido manter em aberto o processo negocial, acompanhando de perto os desdobramentos de possíveis impactos. Um processo que os sindicatos cutistas difundiram e solidificam há mais de três décadas no Brasil, fundamental para assegurar que os trabalhadores não sejam prejudicados para garantir o lucro de seus patrões.
Resta saber se a crise internacional demonstra apenas uma falha momentânea ou um colapso do sistema capitalista. São respostas que só virão com o tempo, mas o momento é oportuno para refletir no quanto já conquistamos (e essas conquistas certamente nos tiraram da mira dessa catástrofe) e qual é a sociedade que de fato queremos: carregada de desigualdade ou cada vez mais igualitária para todos.