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Artigo

Um país se torna soberano quando valoriza seu povo

Publicado: 25 Julho, 2011 - 00h00


•Raimundo Rodrigues Cintra – Secretaria de Combate ao Racismo

Hoje, 25 de julho é o dia que se comemora o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e precisamos fazer uma reflexão.

Neste final de semana (23 de julho), depois de muitas disputas, silicones e ajustes foi anunciada a vencedora do 57ª edição do concurso de Miss Brasil. A eleita Priscila Machado, candidata do Rio Grande do Sul, é a grande vencedora da Miss Brasil 2011. Além da faixa e da coroa, ela levou 200 mil reais em contratos de trabalho, um carro, uma viagem a Lisboa e o direito de representar o Brasil na Miss Universo, que vai acontecer em setembro em São Paulo.

Para garantir que desta vez levaria a coroa, Priscila já havia tentado por duas vezes; uma pelo Rio Grande do Sul e outra pelo Rio de Janeiro; recebeu também uma ajudazinha dos milagres da cirurgia estética: fez três plásticas, uma rinoplastia, lipoaspiração e silicone no peito. Tudo isso ainda passa. Foi se o tempo em que a baiana Marta Rocha perdeu por causa de poucos milímetros a mais de quadril.

O insuportável e dilacerante é que, entre as 24 candidatas ao título, não tinha uma única jovem negra, em um país que , segundo dados do IBGE, nas últimas duas décadas, pela primeira vez o número de brancos não ultrapassou os 50% da população, ou seja, no mínimo teríamos que ter pelo menos 50% de candidatas senão negras pelo menos afrodescendentes.

Por mais que tenhamos avançado em políticas sociais, o Brasil ainda precisa aprender a incluir a diversidade de seu povo e permitir que ele seja representado por candidatas negras ou de etnia indígena.

Para ver o quando ainda estamos aprisionados em velhos conceitos, a brasileira Silvia Novais, modelo de 24 anos, foi eleita na semana retrasada Miss Itália no Mundo 2011. Lembramos também que a Alemanha deu exemplo no ano passado ao escolher uma etíope como representante daquele país que já teve o nazismo como regime. Pelo visto estamos bem atrasados.

Parafraseando o blogueiro Adauto: “Eu tenho uma sugestão a fazer: que a partir do próximo ano o concurso de Miss Brasil seja realizado na Dinamarca, assim estará perfeitamente enquadrado e assegurado o perfil que sempre desejam e elegem”.