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O sindicalismo no Brasil precisa ser revisto

Escrito po: CNTSS/CUT

01/05/2009




Miriam Oliveira de Andrade/ SindSaúde/PA
Secretária de Formação da CNTSS/CUT








O ser humano, desde os primórdios do tempo, travou lutas imemoráveis pela conquista do poder. Isso vem ocorrendo ao longo dos milênios em todos os setores, imagine após a globalização, o que não está sendo feito pelo apoderamento dos espaços nas políticas partidárias.

Na história de nosso país, por exemplo, quantos partidos foram criados só para fabricar um único líder parlamentar, para poder ter as vantagens inerentes a este cargo, sem proposta social nenhuma, para ser líder dele mesmo.

Estamos tendo hoje no país, vários partidos de aluguel. E disso não foge muito a questão sindical, onde é criado um monte de “sindicatinhos”, sem nenhuma percepção da luta sindical, da luta da categoria, buscando somente usufruir dos benefícios advindos do apoderamento deste espaço. Para poderem ter visibilidade política, criam espaços para si mesmos, sem conhecer os problemas reais de seus associados, sem se preocupar com as questões trabalhistas e cotidianas de seus filiados, sem fazer a luta da base.

Agora, para piorar a situação, o Ministro do Trabalho, Carlos Lupi publicou a Instrução Normativa 01, instruindo o Desconto do Imposto nos Serviços Públicos. Essa instrução está sendo instituída no serviço publico e isso está trazendo um problema sério. Virou o grande incentivo para as centrais sindicais, que nunca tiveram domínio sobre os trabalhadores dos serviços públicos. Essas centrais nunca participaram do movimento e da luta pela organização sindical na base dos serviços públicos, agora, quando surge a questão de dinheiro - desse imposto sindical – começa a briga criando vários “sindicatinhos” com o intuito de buscar, os mesmos profissionais, que já foram sindicalizados em nossos movimentos sindicais há décadas.

Um exemplo disso, Para nossa surpresa que não é tanta assim, tem cinco ou seis sindicatos que habilitaram a mesma área de saúde, para pedir imposto sindical.
A gente costuma em nosso estado chamar estes sindicatos de “Sispimbas” – quer dizer – Sindicato dos Serviços Públicos de qualquer coisa. Estes sindicatos neste sentido são ótimos, eles têm toda a documentação, registrados legalizados, etc., agora a base é zero, então precisam desse dinheiro para sobreviver.

É coragem para ir, seja onde for, atrás de sua clientela,
para ouvir suar reivindicações e suas necessidades.

Então qual é o nosso papel ? Nós que sempre lutamos para ampliar a representatividade perante a base? Temos que correr atrás. É organizar os nossos sindicatos, como é o caso do Pará. Não estamos falando de um estado qualquer. Eu considero o Pará um continente, seja pelo tamanho, pela dificuldade geográfica de acesso, onde você tem muita floresta e muita água, além de uma rede rodoviária péssima.

Vamos pensar na Ilha do Marajó, que tem 16 municípios, Para eu visitar a minha base só posso ir de barco. Saio á noite e só chego no dia seguinte. Para outra região como Portel, por exemplo, vou levar vinte e quatro horas. Outros locais como Santarém, se eu for de barco, vou gastar quatro dias para chegar, neste caso já é de navio. As dificuldades são imensas.

Altamira Transamazônica, nem se fala. Todos sabem que as estradas da Transamazônica não foram até hoje concluídas, tem milhares de quilômetros sem asfalto e para chegar lá se vai pela estrada enfrentando ponte quebrada, atoleiros, sonhando chegar vinte e quatro horas depois não se sabe de que jeito, dependendo como esta o acesso o risco de assalto é enorme. Ou então você pega um avião que é o caso quando um companheiro de nosso sindicato vai para lá, porque é a forma mais rápida de chegar lá.

Quando eu vou visitar a base na área de Santarém, vou de avião até lá, como município central da sua região, depois pego o barco e vou visitar municípios da região como Juriti, Alenque, Prainha, entre outros. Se eu não pegar avião e for de barco até essas bases vou acabar levando seis dias para poder chegar em uma base. Tem muito cansaço, mas também têm suas compensações, os servidores se sentem prestigiados quando vamos até lá organizar sua base, defender seus interesses, se sentem valorizados. Claro que nem sempre, pela vastidão da geografia, conseguimos voltar aquela base que visitamos, mas fazemos ás vezes o impossível.

Isso é sindicalismo. É coragem para ir, seja onde for atrás de sua clientela, ouvir suar reivindicações, suas necessidades, ser realmente o representante dos trabalhadores perante os governos. Fora isso, tudo é figuração.
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