Da Redação - Monica Ferrero
No último dia das atividades em comemoração aos 30 anos do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo, nesta quarta-feira, dia 24/2, foi realizado o debate Participação das Mulheres na Política, com a presença da deputada Maria Lúcia Prandi (PT), da deputada federal Luiza Erundina (PSB/SP) e da ex-deputada Irma Passoni, além de representantes de movimentos femininos. A coordenadora da mesa, a ex-deputada estadual Beatriz Pardi, atualmente assessora de Educação do PT na Assembleia, ressaltou que o partido sempre favoreceu a participação feminina e encampou suas bandeiras.
Após elogiar as trajetórias políticas de Luiza Erundina e Irma Passoni, Prandi citou as conquistas políticas femininas. Apesar do crescimento da participação política nas eleições, as mulheres ainda têm de ocupar os espaços de poder, que no Brasil "continua branco e masculino". Esse avanço depende de dedicação, e é possível, pois as mulheres já se destacam na ação individual na sociedade ocupando, por exemplo, importantes cargos no mercado de trabalho.
A deputada Ana Perugini (PT) lembrou que se completam 78 anos de permissão do voto feminino no Brasil. "Avançamos muito, graças a mulheres corajosas e homens inteligentes", mas disse que ainda é preciso reconhecer o valor do jeito feminino de fazer política.
Mudar o país pela inteligência
Primeira deputada do PT na Assembleia Legislativa, Irma Passoni considerou que a Constituinte de 1988 representou "a colheita dos movimentos femininos rurais e urbanos", ao assegurar direitos, estabelecer a igualdade entre os sexos e assegurar a conquista de direitos sociais e individuais. Porém a presença feminina na política, embora tenha crescido, ainda é pequena, disse.
Dentre as causas dessa sub-representação, Passoni apontou a falta de um fundo público de financiamento das campanhas e de apoio dos partidos. O desafio das mulheres é "construir relações de equilíbrio na família, no trabalho, na prática política e nas relações com os homens, pois as mulheres não geram só vidas, podem gerar inteligência e uma melhor política de direitos humanos". Finalizando, Passoni declarou que "é possível mudar o país pela inteligência".
Chamado à luta
Para a deputada federal Luiza Erundina, "não há democracia se os gêneros não estiverem em equilíbrio na representação política, e para isso é necessária uma longa e permanente batalha ideológica e cultural contra os arraigados valores machistas e patriarcais vigentes". "As mulheres devem cobrar dos partidos, com apoio dos homens, a alteração do aparelho partidário" para permitir uma participação feminina para além dos 5% da cota estabelecida, disse.
Erundina citou como exemplo o fato de, em 184 anos de existência da Câmara dos Deputados, nunca uma mulher ter exercido cargo na Mesa Diretora, o que fez com que apresentasse a Proposta de Emenda Constitucional 590/2006, nesse sentido, como um primeiro passo para ampliar o poder das mulheres no Congresso Nacional. Ela elogiou ainda o trabalho de Nilcéia Freire na Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
Estiveram presentes também no debate os deputados Enio Tatto, Hamilton Pereira, Simão Pedro, Roberto Felício, Adriano Diogo e José Candido (todos do PT) e Milton Flávio (PSDB). Após as exposições, foi aberto debate entre os participantes do evento.