Escrito por Isaías Dalle
O presidente da CUT, Artur Henrique, e o vice, José Lopez Feijóo, participaram da abertura do 5º Congresso da CNTSS (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social), no dia 2 de junho. Artur conduziu uma análise de conjuntura em que defendeu, especialmente, o papel engajado da CUT na disputa de projetos que se dá no Brasil. "O jogo este ano continuará muito pesado. Se algum de nós aqui quiser saber quais as propostas que foram apresentadas na Agenda da Classe Trabalhadora, aprovada no último dia 1º de junho pelo conjunto das centrais, ou conhecer detalhes da Plataforma da CUT para as Eleições 2010, por favor, não leiam os jornais, não ouçam as rádios, não assistam televisão", criticou, com ironia.
Feijóo fez um resgate histórico de como a CUT se organizou e adquiriu a estrutura político-sindical que tem hoje. "Nosso objetivo era descontruir um legado de mais de 40 anos, em que o sindicalismo funcionava totalmente atrelado ao Estado, até mesmo recebendo ordens diretas de ministros", disse o vice-presidente.
Entre os dois momentos comentados pelos dirigentes, o desafio da CUT é, atualmente, manter a independência e autonomia ao mesmo tempo em que não se omite diante da disputa de projetos que se dá no Brasil e no continente. "Não podemos ser omissos ou indiferentes, não podemos jamais acreditar na tolice de que para a ação sindical tanto faz quem ganhará a eleição. Haverá conjunturas muito diferentes a depender do resultado", disse. E completou: "Temos de valorizar a unidade dos cutistas. É preciso economizar a energia que às vezes gastamos disputando entre nós e usá-la com mais inteligência para enfrentar aqueles que não querem o fortalecimento de nossa Central".
Na abertura também estiveram presentes, entre outros, o presidente da CUT-SP, Adi dos Santos Lima e o presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Roberto Franklin de Leão.
Artur também deixou uma mensagem escrita de saudação aos 15 anos de fundação da CNTSS, data comemorada durante o 5º Congresso da entidade:
15 anos de vida dedicados aos valores da justiça e da solidariedade
"Nossa querida Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS) faz 15 anos de vida e merece muitas congratulações por isso. Tem mesmo de fazer festa, comemorar, pois vem honrando a missão de não apenas defender os salários, os direitos e as condições de trabalho de cada brasileiro que atua nessa imensa rede de proteção social construída pelo povo. Esta defesa a CNTSS faz muito bem, porém vai além. Longe do corporativismo, entende a dimensão da seguridade social para atingirmos nosso sonho de garantir justiça social e distribuição de renda em nosso País.
Movida por esse entendimento, vem debatendo com a população a importância do SUS, da Previdência e da assistência social, defendendo os valores de solidariedade, do caráter público do Estado e da gestão social desse mesmo Estado. É uma tarefa muito complexa essa que cabe à CNTSS, já que precisa ainda enfrentar a indiferença da grande mídia aos valores da Seguridade Social e conviver com justas doses de insatisfação da população, que sente na pele os problemas que persistem na rede e nos serviços públicos.
Tudo isso exige também o enfrentamento aos diferentes governos, combinado com a necessária sabedoria estratégica de dialogar quando há possibilidade de avançar democraticamente.
Para nós da CUT, a luta por uma rede universal e equânime de seguridade social é lapidar. Estamos nela desde nosso nascimento - e alguns de nossos militantes, desde antes da fundação da Central, tendo trazido até o seio de nossas entidades toda a experiência, que se dava em pleno regime militar, da busca por uma seguridade pública.
Em nossa "Plataforma da CUT para as Eleições 2010", dedicamos um capítulo inteiro à defesa da Seguridade Social, a sua ampliação e aprofundamento, por entendermos que sem ela que seria impossível construir um novo modelo de desenvolvimento com valorização do trabalho e distribuição de renda.
A crise econômica internacional, que ainda persiste em alguns países, confirmou nossa tese. Onde falta rede de proteção social pública, o caos se instala e o povo sofre.
Por essas razões, estamos também nos preparando para a Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente, em que a sociedade vai construir um pacto em que a Seguridade Social será nada mais, nada menos, um dos eixos centrais."