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Covid 19: tesoureira da CNTSS/CUT fala sobre condição de sofrimento emocional dos profissionais da saúde em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo

07/05/2020

Liderança da Confederação e Sindsaúde SP, Célia Regina Costa destaca o sofrimento dos trabalhadores da saúde que estão combatendo o coronavírus e cobra das autoridade apoio profissional especializado

Escrito por: Assessoria de Imprensa da CNTSS/CUT

 

Com o título “Sobrecarga e riscos pioram saúde mental de médicos e enfermeiros na pandemia”, o jornal Folha de S.Paulo trata deste triste e fundamental tema na sua edição desta quinta-feira, 07 de maio. Entre as entrevistadas que colaboraram para compor a matéria está a tesoureira da CNTSS/CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social e secretária Geral do Sindsaúde SP – Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo, Célia Regina Costa, que tratou sobre a imensa carga emocional a que são submetidos os profissionais da saúde que estão diariamente no combate ao Covid-19 tentando salvar vidas.

 

O texto da matéria destaca que este tema “saúde mental dos profissionais da saúde em meio a pandemia” não é muito debatido no Brasil. Uma meia verdade. O tema que desperta agora o interesse de parte da mídia e que, infelizmente, até agora as autoridades e o setor privado se esquivam em discutir, já é assunto que há muito vem sendo denunciado pelo Sindsaúde SP, a Confederação e todas as suas entidades filiadas. Tanto é que a Confederação está entre as entidades parceiras da ISP – Internacional do Serviço Público que ajudou na formulação e execução da campanha "Trabalhadoras e Trabalhadores Protegidos Salvam Vidas", que, entre os muitos problemas, já havia diagnosticado esta situação de sofrimento psíquico destes profissionais. Falaremos mais adianta sobre esta iniciativa.

 

Voltando ao texto do jornal, as informações apresentadas demonstram um quadro muito grave sobre esta situação. Dados destes primeiros 50 dias de pandemia apontam a estimativa, isto porque ha uma negligência criminosa das autoridades sobre o controle dos infectados e óbitos, que pelo menos 32 servidores do estado e município de São Paulo perderam suas vidas pelo contágio com o vírus. Deste total, sete eram médicos. No país, com dados do Confen – Conselho Federal de Enfermagem, este número atinge 73 mortes. O município de São Paulo, epicentro da crise no estado, lidera o número de casos com 18 óbitos.

 

Os profissionais da saúde têm sido vítimas de um verdadeiro bombardeio diário de emoções e situações de tristeza, além da condição física de exaustão por conta da extensa jornada de trabalho, que potencializa sentimentos de fragilidade. A morte dos colegas e até possíveis parentes, inúmeras de pacientes, falta de equipamentos de proteção, precarização da estrutura nos locais de trabalho, o medo do próprio contágio e de familiares é uma soma muito intensa de sentimentos. A APM – Associação Paulista de Medicina realizou uma pesquisa nacional com 2.312 médicos, sendo que deste total 86% percebem em seus colegas sinais de apreensão, depressão insatisfação e revolta.

 

Para Célia Regina Costa, esta situação de precariedade nas redes de saúde é uma realidade em todo o país, conforme dados observados pela Confederação. A dirigente reitera na entrevista que tem sido uma "batalha" fazer chegar EPIs – Equipamentos de Proteção Individual em quantidade e qualidade a todos os funcionários.  “A equipe já está muito cansada pelo excesso de trabalho e se sente impotente diante das mortes de pacientes e de colegas. Vai dando aquele desespero porque a gente tem familiares e pode contaminá-los também”, afirma ao jornal.

 

A dirigente cita alguns exemplos de equipamentos de Saúde onde ocorreram óbitos. No Hospital do Mandaqui, na capital, unidade acompanhada pelo Sindsaúde SP, foram registradas a perda de três companheiros,  um técnico de enfermagem e dois auxiliares. Neste caso, destaca, há a necessidade de acompanhamento dos trabalhadores por profissionais especializados. Apresenta como nova batalha do Sindsaúde SP conquistar este suporte emocional para os servidores. “Isso é necessário principalmente nos locais em que os colegas faleceram. No Mandaqui, tem uma equipe inteira traumatizada. De 11 colegas, dois deles faleceram. Eles sentem a morte muito próxima,” menciona.

 

"Trabalhadoras e Trabalhadores Protegidos Salvam Vidas". 

 

A campanha com este mote foi lançada oficialmente em 31 de março pela ISP, entidade internacional presente em 156 países agregando mais de 30 milhões de trabalhadores da saúde e demais setores essenciais. A versão brasileira da iniciativa focada nos trabalhadores essências neste período de pandemia, com destaque os da saúde, conta com um questionário on line para que os profissionais apresentem dados sobre suas realidades cotidianas. Os dados obtidos nesta pesquisa têm sido agregados a outros diagnósticos realizados pela CNTSS/CUT para elaboração de estratégias que defendam os trabalhadores, garantam melhores condições de atendimento à população e que cobrem mais investimentos na saúde, inclusive com a bandeira pela revogação da EC 95.

 

Dos 2.575 questionários respondidos até 30 de abril dá para traçar o seguinte perfil dos trabalhadores participantes: o estado com maior participação é São Paulo, seguido pelo Ceará; 88% são respostas de profissionais da saúde; 73% são mulheres; a enfermagem é a categoria que mais participou. Sobre a realidade apontada, pode-se destacar, em termos gerais, a excessiva jornada de trabalho diária: 35% trabalham doze horas e 38% até 8 horas. Ou seja, cargas muito superiores às determinadas pela OMS – Organização Mundial da Saúde de 30 horas semanais. Sobre EPIs – Equipamentos de Proteção Individual, 11% não recebem nada; 65% dizem que recebem em quantidade e qualidade inferior ao preconizado pela OMS. São dados que confirmam as denúncias da CNTSS/CUT e suas entidades sobre esta realidade.

 

Outra situação demonstra que 69% dos trabalhadores da saúde não receberam treinamento para as situações de combate ao coronavírus e que, quando ocorre, são sempre iniciativas simplificadas, como apresentação de vídeo ou distribuição de folder. Para as demais categorias essências, o percentual sobe para 77%. Tem sido evidente pelas respostas que há um grande sofrimento psíquico entre estes trabalhadores. 56% dizem que sofrem. Deste total 56% são mulheres e 44% homens que responderam afirmativamente. São informações que sofrem influência pela falta de infraestrutura para trabalhar, o medo da contaminação pessoal, dos pacientes e dos familiares e nenhum acompanhamento profissional especializado para este momento de grande sofrimento emocional.

 

 

Clique aqui e tenha acesso à matéria do Jornal:

 

 

Clique aqui e conheça a pesquisa da ISP:

 

 

 

José Carlos Araújo

Assessoria de Imprensa da CNTSS

 

 

 

 

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