CNTSS > LISTAR NOTÍCIAS > DESTAQUES > DIRIGENTE CUTISTA E DA CNTSS/CUT É A TERCEIRA MULHER A ASSUMIR A PRESIDÊNCIA DO DIEESE EM 65 ANOS DO INSTITUTO
05/02/2020
Prestes a completar 65 anos de sua criação, o DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos conta deste a última terça-feira, 05/02, com novas direções nas áreas técnica e sindical para os próximos dois anos. A cerimônia de posse realizada para recepcionar os novos responsáveis pelos trabalhos da entidade trouxe uma peculiaridade por colocar como presidenta uma mulher. Trata-se da secretária Adjunta de Administração e Finanças da CUT - Central Única dos Trabalhadores e secretária de Saúde do Trabalhador da CNTSS/CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Seguridade Social, Maria Aparecida Faria.
A dirigente tem acumulado em sua trajetória sindical as experiências obtidas em sua atuação por um longo período na direção do seu sindicato, o Sindsaúde SP, e como presidenta da Confederação por dois mandatos consecutivos, entidades cujos perfis possuem uma base formada majoritariamente por mulheres. Na direção da CUT deixou o cargo de secretária-geral Adjunta quando foi eleita a nova direção no Congresso da Central em 2019. Ao assumir o cargo no DIEESE, Faria se torna a terceira liderança sindical feminina a exercer a função nestas quase sete décadas de existência da Instituto. Maria também possui graduação em pedagogia, com inúmeras especializações nesta área, na sindical e de relações de trabalho.
A indicação para este cargo parte das Centrais Sindicais. A CUT definiu sua escolha para dar conta deste grande desafio de tocar o DIEESE em um momento em que a entidade e a classe trabalhadora passam por fortíssimos ataques visando desestruturar a resistência dos trabalhadores, eliminar seus direitos e destruir suas instituições e instrumentos de luta. Criado e mantido pelo movimento sindical brasileiro, o DIEESE sempre teve um papel fundamental por seu caráter técnico científico na elaboração de estudos e pesquisas voltados aos interesses dos trabalhadores. Seu reconhecimento nacional e internacional é resultado deste trabalho sério.
Maria Faria assume o cargo neste difícil momento em que o golpe de 2015 fez surgir um governo de extrema-direita e ultraliberal que implementa continuamente medidas de desconstrução dos direitos trabalhistas e sociais, de aniquilamento das relações trabalhistas, de esfacelamento da economia brasileira e de comprometimento da soberania nacional. O projeto de destruição do parque industrial e dos setores científico e tecnológico do país precisam ser combatidos pelos trabalhadores que hoje são vítimas de um mercado de trabalho precarizado como nunca se viu.
Ela recorda que desde a sua fundação, o DIEESE tem se mantido firme mesmo com as graves crises que permearam o país, como exemplo o período pós morte de Getúlio Vargas e a ditadura militar. Mesmo com tudo isto, o Instituto sobreviveu. Foi, segundo Faria, necessária a ação do movimento sindical, que o auxiliou financeiramente, politicamente e sempre brigou para mantê-lo. “Os técnicos sempre tiveram a concepção da importância de que o DIEESE fosse um instrumento de formulação e pesquisa voltado aos interesses do trabalhador e da sociedade. Este cuidado científico e idôneo fez com que todo este trabalho e o Instituto fossem respeitados,” afirma a presidenta.
“Neste momento, estamos vivendo uma crise política e de reformas que vem alterar as relações de trabalho, com a retirada de direitos. Ao mesmo tempo há a crise de como se organizar frente às novas tecnologias de trabalho. São dois grandes desafios. Independente das crises do governo e do país, temos uma inovação tecnológica que muda toda a correlação de força e de organização do trabalho. O DIEESE se torna ainda mais fundamental. Precisamos nos organizar e nos reiventar. O Instituto tem o papel de grande formulador e pesquisador que nos ajuda a compreender este mundo e ter uma intervenção qualificada, dando condições de desenvolver uma luta sindical a partir do local de trabalho e a partir das novas transformações,” destaca Maria Faria.
Para finalizar, a dirigente cutista vê com grande satisfação o fato de representar as Centrais Sindicais na presidência do DIEESE e poder expandir ainda mais a marca deste trabalho de mais de 65 anos no meio sindical. “Nosso papel será de dar continuidade e avançar ainda mais neste trabalho. Também considero uma honra representar as mulheres neste cargo de grande expressão política. Num momento em que as mulheres estão sendo vítimas de tantas formas de ataques, poder representa-las na presidência do DIEESE é uma responsabilidade muito grande e uma honra,” afirma a presidenta.
A mesma compreensão do desafio tem o sociólogo Fausto Augusto Júnior, que tomou posse com diretor técnico do DIEESE. Mestre e Doutorado pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, Fausto atuou por muito tempo na área de educação e sindicalismo, relações de trabalho, desenvolvimento industrial e regional e gestão de pessoas e conhecimento, ultimamente era coordenador de educação e comunicação do DIEESE. Para ele, este momento conturbado em que o país passa não é total novidade para a entidade que em sua história de 65 anos presenciou situações difíceis para a classe trabalhadora e para a sociedade brasileira.
Fausto, cuja carreira no DIEESE teve início em 1996, destacou o rigor científico que marca a produção do DIEESE desde sua criação. O compromisso do Instituto com o mundo do trabalho e o cotidiano do trabalhador fez dele uma referência. Assim com a presidenta do Instituto, o sociólogo compreende que o momento atual é bem difícil para a classe trabalhadora e suas instituições, com agravamento da precarização do trabalho, um cenário de desemprego e subemprego elevadíssimo e de perda de direitos. “Este é um momento de aumento da desigualdade. Resistir e enfrentar algo que nos organiza e nos mobiliza, que é o embate contra a desigualdade. Esta é a nossa história”, destacou o novo diretor em entrevista à Rede Brasil Atual.
Os dirigentes substituídos na direção do DIEESE foram Bernardino Jesus de Brito, do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo (Força), e o sociólogo Clemente Ganz Lúcio, respectivamente, ex-presidente e ex-diretor técnico. Clemente foi o segundo diretor que permaneceu mais tempo no cargo. Seus 16 anos de permanência só foram ultrapassados pelos 22 anos em que ficou no cargo o economista Walter Barelli.
José Carlos Araújo
Assessoria de Imprensa da CNTSS/CUT
Conteúdo Relacionado