•Por Daniel Reis e Paulo Salvador
A campanha salarial dos bancários teve várias vitórias econômicas e foi a maior greve depois das históricas mobilizações de 1985 e 1986. A mobilização recorde nos bancos privados torna os resultados ainda mais saborosos. Quem quer saber mais detalhes, pode acessar o www.spbancários.com.br onde encontrará a crônica do dia a dia e do desfecho. O que nos motiva a escrever este artigo é mostrar que o sindicato, que é fundador, filiado e um dos maiores sindicatos da CUT deu uma lição de democracia e atuação.
A primeira vitória política aconteceu meses antes da greve e foi a compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, derrotando um processo selvagem de privataria do governo Serra. O governo Lula inverteu a lógica dos tucanos de entregar o patrimônio público aos empresariados estrangeiros e federalizou o banco para preservá-lo e dotá-lo de políticas públicas. Como resultado os empregos e as conquistas foram garantidas. Logo em seguida, dirigentes sindicais demitidos pelos tucanos foram reintegrados poucos dias antes da campanha salarial, em negociações que os cutistas tiveram papel destacado no cancelamento das demissões. Se tivéssemos eleito Lula presidente em 1998 não teríamos a privatização do Banespa e do setor energético.
Desde o início das negociações até a deflagração da greve, seu desenvolvimento e desenlace foram coordenados pelo Sindicato. Com bastante agilidade e determinação, os dirigentes do sindicato dominaram as mobilizações nas regionais e as decisões nas assembléias, algumas delas negociadas com integrantes de outras centrais, garantindo a democracia de base. As correntes que se identificam com outras centrais sindicais tiveram seus espaços de debates, mas a direção ficou mesmo com a CUT.
No âmbito das negociações com a patronal, também foram os cutistas que deram a linha, seja na conquista do aumento real até as melhorias na forma de pagamento da PLR (Participação nos Lucros e Resultados). Quando o impasse se estabeleceu, com a patronal recusando-se a melhorar as propostas, os cutistas propuseram no comando nacional o aumento da pressão e das mobilizações de rua, o que surtiu efeito. A patronal dos banqueiros tentou usar o movimento grevista contra o governo em relação à política de spread bancário (diferença entre o dinheiro captado e o emprestado).
A greve teve dois finais, o primeiro do conjunto dos bancos privados, com o Banco do Brasil e Nossa Caixa, com a suspensão do movimento grevista diante da conquista das melhorias. A Caixa Federal continuou em greve com força e mais uma vez os cutistas deram a direção, promovendo negociações junto ao governo federal que culminaram com a conquista de uma abono de R$ 700,00 além do acordado com a Fenaban, mais o compromisso de contratação de 5 mil novos empregados, uma reivindicação dos sindicatos para fazer frente ao enorme aumento de trabalho com os programas sociais do governo. Esse processo foi todo conduzido pelos cutistas, tendo à frente o presidente Luiz Cláudio Marcolino, encerando vitoriosa uma greve de 28 dias. O resultado dessa campanha beneficia o crescimento do país que tem mais renda para o consumo e azeitar a economia, além disso, serão gerados mais 8 mil novos empregos para a juventude brasileira.
Desde 2004, os bancários realizam campanhas vitoriosas, com greve e várias conquistas econômicas e sociais. A campanha deste ano revela um enorme amadurecimento de uma nova e jovem direção sindical cutista.