CNTSS > LISTAR NOTÍCIAS > DESTAQUE CENTRAL > ENFERMAGEM: ADOECIMENTO MENTAL DA CATEGORIA E A NECESSIDADE URGENTE DE VALORIZAÇÃO
09/02/2023
O adoecimento mental dos trabalhadores da Enfermagem no Brasil tem um impacto que vai além do profissional, atinge sua família, os pacientes e ainda aumenta a sobrecarga de trabalho, na medida em que não há pessoal suficiente para substituir os profissionais.
A revista eletrônica Acervo da Enfermagem traz um estudo publicado em outubro/22 sobre a Saúde mental dos profissionais de enfermagem durante a pandemia de Covid-19 no Brasil: uma revisão integrativa, que descreve esses impactos durante a pandemia de Covid-19 no Brasil.
O estudo evidencia que os profissionais de enfermagem tiveram maior incidência no sofrimento psíquico durante a pandemia, tendo ansiedade, depressão e Síndrome de Burnout com maior prevalência.
Os autores indicam a importância de que os gestores dos serviços de saúde realizem intervenções psicológicas de forma precoce, a fim de proteger e preservar a saúde física e mental dos profissionais.
O estudo mostra como fatores de adoecimento psíquico, o aumento de carga horária, limitação dos leitos hospitalares, exaustão física, escassez de EPIs, alta transmissão hospitalar, tomada de decisões éticas sobre os cuidados prestados, a lida com altos índices de óbitos de pacientes sob seus cuidados, somados à solidão e a saudade de seus familiares, isolamento social e medo de transmitir a doença para as pessoas do seu convívio.
Fala ainda sobre os efeitos que as precárias condições de trabalho dos profissionais de enfermagem no Brasil, com relatos de sobrecarga laboral, prejuízos e falta de intervalos para descanso e alimentação, déficit nas escalas de trabalho, insatisfação com as exigências institucionais, desgaste emocional, escassez e/ou falta de EPI ́s, inópia de aparelhos, outros recursos materiais para prestar assistência segura, adequada e dificuldade de controle emocional, sentimento de impotência, sofrimento emocional diante a morte dos pacientes, familiares e companheiros de trabalho.
Entre março de 2020 e dezembro de 2021, morreram no Brasil mais 4.500 profissionais de saúde, segundo a ISP concluiu por meio de levantamento de dados de fontes oficiais feito pelo estúdio de inteligência de dados Lagom Data.
Quanto mais próximos aos pacientes esses profissionais trabalhavam, mais morriam: 70% dos mortos trabalhavam como técnicos e auxiliares de enfermagem; em seguida vieram os enfermeiros (25%) e por último os médicos (5%). Para se ter uma ideia, foram 1.184 enfermeiros mortos, o que pode ter impactado diretamente o atendimento de 21.300 pacientes.
O alto número de profissionais afastados e contaminados acarreta na sobrecarga laboral e leva ao esgotamento psíquico da equipe, pois a enfermagem desempenha atividades que expõe o profissional a desenvolver alterações na saúde que se transformam em doenças ocupacionais e interferem na qualidade da assistência ao paciente.
Foram referidos por esses trabalhadores, níveis de trauma vicário (fadiga da compaixão), estresse pós-traumático, sintomas e somatização obsessivo compulsivos.
O estudo conclui que é de grande importância que os gestores dos serviços de saúde realizem intervenções psicológicas de forma precoce com o intuito de promover proteção e preservação da saúde física e mental desses profissionais.
Fonte: https://bit.ly/3y4qAhK
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