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Síndrome de Burnout e a linha de frente no combate à Covid

27/01/2022

Enfermeiros, técnicos em enfermagem e agentes de saúde estão entre os profissionais mais vulneráveis nas circunstâncias atuais

Escrito por: SEESP

 

A Síndrome de Burnout, caracterizada por esgotamento profissional passou a ser considerada doença ocupacional em 1º de janeiro, após sua inclusão na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial de Saúde. Na prática, significa que direitos trabalhistas e previdenciários são assegurados como nas demais doenças relacionadas ao emprego.

 

A síndrome é desencadeada pelo estresse crônico no trabalho e se caracteriza pela tensão resultante do excesso de atividade profissional. Os sintomas são esgotamento físico, perda de interesse no trabalho, ansiedade, depressão, além de outros.

 

Como não pensar na Enfermagem como uma categoria afetada pela Síndrome de Bournout, principalmente na pandemia? Uma pesquisa realizada no ano passado pela PBMED indicou que 89,4% dos profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate à pandemia de Covid-19 se declaram psicologicamente esgotados.

 

Com a variante Ômicron os hospitais voltaram a ficar superlotados. O novo pico da pandemia não tem levado a um aumento da mortalidade, mas a doença avança diante de equipes de saúde fragilizadas e esgotadas.

O projeto Telepan Saúde, desde o início da pandemia oferece sessões de aconselhamento psicológico gratuito a de saúde de todo o país. Segundo o psiquiatra Helian Nunes, um dos idealizadores do projeto, diz que os profissionais têm muitos sintomas, alguns com estresse pós-traumático. 

 

A FGV-SP conduz uma pesquisa constante desde abril de 2020 e o último resultado foi publicado em outubro de 2021. A expectativa era de que os resultados seriam sempre melhores: que os profissionais iriam aprender (a lidar com a doença), que sentiriam menos medo, que as questões de saúde mental iriam se acomodar. “E não é isso o que os dados mostram”, explica à BBC News Brasil a pesquisadora Gabriela Lotta, professora de Administração Pública e Governo da FGV.

 

O medo dos profissionais de saúde entrevistados pela pesquisa – enfermeiros, técnicos de enfermagem a médicos – se manteve em patamares acima de 80% ao longo de todas as rodadas da pesquisa.

 

Também mais de 80% deles sentiram que sua saúde mental foi afetada negativamente pela pandemia, mas menos de um terço (30%) afirmou ter recebido algum tipo de apoio para lidar com isso.

 

“Eles estão lá em condições muito ruins de saúde física e mental, e com a sensação de falta de apoio de políticas públicas e uma esperança de normalidade que se perdeu”, avalia Lotta. “Uma frase que apareceu em muitas respostas é: ‘somos soldados largados na frente da batalha’. A sensação de solidão é muito forte.”

 

E, embora tenha havido um aprendizado técnico importante sobre como prevenir, enfrentar e tratar o coronavírus, a sucessão de mutações do vírus e de novas ondas de covid-19 faz com que a sensação de despreparo frente a doença continue elevada, explica Lotta.

 

Enfermeiros, técnicos em enfermagem e agentes de saúde estão entre os profissionais mais vulneráveis nas circunstâncias atuais. Esses grupos são compostos em sua maioria por mulheres, e muitos são negros, o que significa que já sofrem o peso de outras desigualdades socioeconômicas, e têm salários relativamente baixos.

 

Até porque são formados na maioria por mulheres, e muitos são negros, o que significa que já sofrem o peso de outras desigualdades socioeconômicas, e têm salários relativamente baixos.

 

“São pessoas em condições piores para enfrentar a pandemia. Fazem dupla ou tripla jornada, muitas vezes não têm com quem deixar os filhos, ou têm de cuidar dos próprios pais. A sobrecarga mental é ainda pior”, prossegue Lotta.

 

O psiquiatra Helian Nunes observou, também, muita fragilidade entre um grupo ainda mais amplo de profissionais.

 

“Já no início a gente viu que a vulnerabilidade é de todo o trabalhador (envolvido no atendimento a pacientes): desde o porteiro do hospital até o motorista da ambulância”, pondera.

 

Enfermarias, prontos-socorros e postos de saúde também sofrem com uma carga de trabalho e uma carga horária crescentes, dizem os pesquisadores.

 

Agora com o recrudescimento da pandemia, são ainda mais pressionados. A Associação que representa os hospitais privados quer reduzir de 10 para cinco dias a licença para os que forem contaminados. “O SEESP é absolutamente contra essa medida. Pelo contrário, são necessárias medidas urgentes para diminuir o estresse e as doenças como a Síndrome de Burnout. Os hospitais e as prefeituras precisam contratar pessoal para que as jornadas de trabalho não sejam tão longas, é preciso melhorar os salários para que os profissionais não precisem ter até tripla jornada, precisamos garantir as salas de descanso durante os plantões”, afirma a presidente Elaine Leoni.

 

“Diante do reconhecimento da Síndrome de Burnout como doença do trabalho é importante que os enfermeiros e demais profissionais de saúde estejam atentos com sua saúde e exijam o tratamento adequado das empresas para as quais prestam serviços”, diz.

 

Elaine Leoni lembra  fundamental para a atuação do SEESP que os profissionais entrem em contato e denunciem a falta de condições de trabalho, sobrecarga, etc. 

 

 

 

 

Fonte: https://bit.ly/3o2W2IX

 

 

 

 

 

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