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16/04/2021
A psicanalista e professora da Universidade Federal de Catalão, Renata Wirthmann, considera que os autistas não devem ser tratados como doentes. Ela defende que eles devem ser ouvidos, pois têm muito a dizer. Segundo a estudiosa, a especificidade da abordagem psicanalítica consiste em considerar que o sujeito possui um saber essencial sobre o seu modo de funcionamento, por isso deve ser levado a sério aquilo que os autistas dizem sobre eles mesmos.
“Nosso trabalho é instigado a criar e inventar intervenções que não percebam o autismo como uma doença, e sim um funcionamento subjetivo singular, uma estrutura. Isso equivale a dizer que é impossível tratar a singularidade do autista sem escutá-lo”, enfatiza.
Em seu recente artigo publicado no Jornal Opção, Wirthmann destaca que essa não é uma premissa apenas da psicanálise. Ela chama a atenção para o fato de que “uma célebre autista de alto desempenho (Temple Grandin) propõe o mesmo”: “Fico preocupada quando crianças de 10 anos vêm até mim e só querem falar sobre ‘a minha asperger’ ou ‘o meu autismo’. Preferiria ouvir sobre ‘meu projeto de ciências’ ou ‘meu livro de histórias’ ou ‘o que eu quero ser quando crescer’. Quero conhecer seus interesses, seus pontos fortes, suas esperanças. Quero que elas tenham as mesmas vantagens e oportunidades que eu tive, tanto educacionais quanto no mercado de trabalho.
“Encontro nos pais a mesma incapacidade de pensar nos pontos fortes das crianças e digo: ‘Do que seu filho gosta? Em que ele é bom?, e posso ver a perplexidade nos seus rostos. Gostar? Ser bom em algo?”
“Nestes casos, sigo uma rotina. Qual é o assunto favorito de seu filho? Ele tem algum passatempo? Há alguma coisa que ele tenha feito — trabalho artístico, artesanato, qualquer coisa — que ele possa me mostrar? Às vezes leva um tempo para os pais perceberem que, na verdade, seu filho tem um talento ou um interesse.” (Temple Grandin).
Neste Abril Azul de Conscientização sobre o Autismo, o SINTFESP-GO/TO faz coro às palavras dessa genial autista e conclama toda a sociedade a refletir sobre o modo como lida com as pessoas autistas. Para nós, “ser diferente não é um problema, o problema é ser tratado de forma diferente”.
Para acesso à íntegra do artigo da professora Renata Wirthmann, basta clicar neste link: https://bit.ly/2ReuR01
Cláudio Marques – DRT 1534
Fonte: https://bit.ly/3sl77o1
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