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24/03/2021
O 8 de março é uma referência internacional na luta das mulheres por direitos, melhores condições de trabalho e igualdade social e de gênero. A nossa história mostra que todas as conquistas obtidas ao longo do século 20 e início do século 21 foram precedidas, infelizmente, de muito derramamento de sangue. Desde o incêndio causado por um empresário, que matou operárias nos Estados Unidos ao assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, bem como as milhares de agressões diárias sofridas dentro das suas próprias casas.
O marco inicial deste dia 8 foi firmado em 1910, em Copenhagen, na Dinamarca, liderado pela alemã Clara Zetekeu e, desde então, diversas mulheres travaram lutas importantes por igualdade. Escolhi aqui trazer personagens que simbolizam essa garra e destemor e desafiaram não só o seu tempo como o maior inimigo de qualquer uma de nós: o machismo. São elas: Dilma Vana Rousseff, primeira mulher presidente da República Federativa do Brasil, desde a sua proclamação em 1889; Mariza Letícia Lula da Silva; Maria da Penha, que mudou para sempre, a partir da sua tenebrosa experiência pessoal, o destino de mulheres vítimas da violência doméstica; Maria Rita Lopes Pontes, que em vida lutou pelos mais necessitados e se tornou a primeira santa brasileira, Dulce dos Pobres; Madre Tereza de Calcutá; Michelle Obama; Mãe Stella de Oxóssi, que mostrou que as religiões de matriz africana poderiam estar ligadas ao conhecimento; e Marielle Franco, que pagou com a própria vida o fato de não aceitar o que era imposto ao povo preto, pobre e da favela.
Começando pela presidente Dilma, ela representa o ápice da ascensão feminina na política. Foi ministra do Governo Lula e eleita duas vezes para comandar o nosso País. Antes de chegar ao poder, Dilma passou por momentos delicados, quando foi presa e torturada pelo Regime de Exceção, a Ditadura Militar. Ela é talvez a nossa grande vítima do machismo endêmico, quando foi defenestrada da sua cadeira para onde tinha sido legitimamente eleita por mais de 53 milhões de brasileiros e brasileiras. Saiu sem cometer nenhum crime, mas entrou para a história por conta de sua coragem de enfrentar os mais obscuros personagens da política brasileira.
Mariza Letícia Lula da Silva representou dignamente cada uma das mulheres brasileiras. Foi babá, dona de casa, operária e, na política, onde conheceu o companheiro de vida Luiz Inácio Lula da Silva, lutou contra a sangrenta Ditadura Militar, liderou passeatas, ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores e, no fim da sua vida, foi mártir de uma quadrilha formada por juízes e procuradores, batizada de Lava-jato.
Personagem central no enfrentamento à violência contra as mulheres, sobretudo no próprio lar, Maria da Penha transformou o drama pessoal numa bandeira de luta que, anos depois, se converteu numa conquista para todas as vítimas das agressões domésticas, que é a Lei Maria da Penha. Através da legislação que tem o seu nome, agressores agora vão para a cadeia, o que representa um importante avanço nos direitos humanos para as mulheres.
Não poderíamos deixar de falar de três religiosas que simbolizam a força da mulher. Maria Rita Lopes Pontes, a Irmã Dulce, teve uma vida voltada para ajudar os necessitados. Fundou um abrigo, um hospital e se dedicou ao povo pobre. Muito católica, foi beatificada e canonizada tornando-se a Santa Dulce dos Pobres, assim como a Madre Tereza de Calcutá. Outra religiosa baiana que se destacou foi a líder do candomblé Mãe Stella de Oxóssi. Além de atuar em defesa do povo negro, também aproximou a sua religião da Universidade, notabilizando-se por ser uma das maiores intelectuais baianas do século XX, sendo, ao lado de Mãe Menininha do Gantois, uma grande referência para o Povo de Santo.
A norte-americana Michelle Obama também teve papel destacado quando primeira-dama de seu país, organizando uma pauta de direitos significativa para a comunidade negra daquele País.
A gente encerra este artigo também homenageando a vereadora carioca Marielle Franco, quinta mais votada na segunda maior cidade do Brasil, com mais de 46 mil sufrágios. Em sua pauta, buscava maior protagonismo às mulheres negras e mais dignidade ao povo das comunidades do Rio de Janeiro. Foi vítima de um brutal assassinato até hoje não elucidado, o que nos coloca a lutar permanentemente, pois o machismo, o fascismo e a maldade não dormem.
No entanto, a luta sempre continua. Viva o 8 de março, viva as mulheres.
Rita de Cássia de Jesus
Diretora de Comunicação no Sindprev Bahia
Fonte: https://bit.ly/39ebDOh
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