Passo Fundo: encontro mostrou péssima situação nos hospitais que atendem o SUS

“Trabalhadores e pacientes do SUS são tratados como cidadãos de segunda categoria”. A afirmação feita pelo procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ricardo Garcia, de Caxias do Sul causou impacto durante a realização, em 13 e 14r de março, do “Encontro de Avaliação e Planejamento das Forças-Tarefas em Frigoríficos e Hospitais no Rio Grande do Sul”.

Saber que as direções dos hospitais tratam os trabalhadores com desprezo, que não há nenhuma visão coletiva, que não se consegue fazer previsão de riscos e de epidemiologia, não chega a ser novidade para os trabalhadores da saúde, mesmo assim, ouvir de especialistas, que aspectos como segurança, equipamentos, mobiliário e condições de trabalho são negligenciados pelos hospitais ainda chocou as cerca de 80 pessoas presentes ao encontro.

Segundo levantamentos realizados durante a realização das forças-tarefas ficou evidenciado que o aspecto mental entre a categoria da saúde, que trabalha nos hospitais, é muito forte. Entre as causas dos adoecimentos, a do Assédio Moral é a maior delas e o assédio do corpo de enfermagem em relação aos demais trabalhadores é muito maior do que dos médicos. Mas a perspectiva de que em 2020 50% dos afastamentos de pessoal deverão ser por adoecimento mental também foi impactante.

“O setor de saúde não se preocupa com os seus funcionários, mas em vender saúde, só que os prejuízos não afetam só os trabalhadores, afeta também os hospitais, porque muitas medidas chegam a jogar o lucro pela janela”, ouviu-se, a seguir.

No evento, realizado na Câmara Municipal de Porto Alegre, foram avaliadas as oito operações passadas – entre elas a força-tarefa realizada em abril de 2017 no Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo – e definidos calendários das novas operações.

Presente ao evento, a diretora do SINDISAÚDE Maria Tedesco relatou aos presentes como está sendo a situação das condições de saúde e de segurança dos trabalhadores do HSVP depois da realização da inspeção.

O presidente da Federação dos Trabalhadores da Saúde do RS (FEESSERS) Milton Kempfer afirmou em sua fala, que, no Brasil, existem muitos órgãos fiscalizadores e pouca fiscalização quando se trata das condições de trabalho. Disse achar importante a realização das inspeções das forças-tarefas, mas que os oito hospitais visitados não são os de piores condições. “Limitar a escolha por hospitais acima de 400 funcionários descarta os de maior problema”, avaliou o dirigente.

 O presidente do SINDISAÚDE-RS, Arlindo Ritter, declarou que "a FT dos Hospitais é um fato positivo para o movimento sindical e sinaliza que a parceria deve ser mantida, para a saúde da classe trabalhadora". Para ele, as próximas operações devem focar mais na questão do dimensionamento do quadro de pessoal das instituições de saúde.

Os dois procuradores realçaram a importância da FT dos hospitais considerando que se fala muito dos problemas do atendimento de saúde, "mas não se reflete e atua em relação aos trabalhadores da área, que trabalham sob pressão e condições muitas vezes inadequadas, em prejuízo próprio e da população atendida", observou o representante regional da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho, procurador Rogério Uzun Fleischmann.

A força-tarefa dos hospitais, que iniciou em julho de 2016 realizou oito inspeções, atingindo 17 mil empregados. A dos frigoríficos, iniciada em 2014, teve até o momento 45 operações, beneficiando 40 mil empregados. De acordo com o MPT, a adequação de cada frigorífico e cada hospital está sob acompanhamento, mediante procedimentos sob a responsabilidade de diversos procuradores.