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CNTSS/CUT não descarta possibilidade de greve dos servidores federais

15/02/2017

Segundo o professor José Henrique Artigas Godoy, a crise econômica, política e institucional que assola o Brasil só será revertida através da luta dos trabalhadores

Escrito por: SINTFESP GO/TO

 

O primeiro Encontro e Plenária Nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS/CUT) aconteceu, na sexta-feira e sábado, no Centro de Formação e Lazer do Sindsprev-PE, no Recife. A CNTSS/CUT e as entidades sindicais estão reunidas para estabelecer os próximos passos na luta contra as decisões arbitrárias do governo golpista de Michel Temer, incluindo a Extinção do Ministério da Previdência Social e a implantação da Reforma da Previdência.

 

Na reunião, o presidente da CNTSS/CUT, Sandro César, informou que os sindicatos não vão cruzar os braços enquanto os direitos dos trabalhadores estão sendo cerceados e apontou a possibilidade de nova greve dos servidores federais para este ano.

 

As atividades começaram, com a análise da conjuntura política e econômica do país com o professor José Henrique Artigas Godoy, doutor em Ciências Políticas pela Universidade de São Paulo (USP) e docente da Universidade Federal da Paraíba. A palestra detalhou as perspectivas, alternativas e responsabilidades dos cidadãos e, particularmente, dos movimentos sociais organizados e centrais sindicais no combate às reformas antissociais do governo Temer e na recomposição da ordem democrática e das instituições no país.

 

"Durante o transcurso deste ano, teremos grandes debates que colocam em risco o conjunto das liberdades e direitos construídos com muita luta durante os últimos 30 anos. Neste momento, nós temos a possibilidade de ver uma grande retroação no conjunto dessa plataforma de direito e, certamente, os sindicatos e centrais têm que estar preparados para resistir frente a essa pressão conservadora que favorece as classes dominantes e prejudica os trabalhadores, mas também para preparar uma reação no sentido de recomposição das forças progressistas e da garantia de preservação dos direitos da classe trabalhadora “, destacou o especialista.

 

Ainda segundo Godoy, a crise econômica, política e institucional que assola o Brasil só será revertida através da luta dos trabalhadores. " Sinceramente, acho que em um prazo curto nós teremos muita dificuldade de reação, mas acredito na possibilidade das classes trabalhadoras retomarem a posição progressista que vinham atribuindo aos governos de Lula e Dilma. Claro, é preciso muita organização e preparação para a luta. Temos que estar preparados para as responsabilidades que o sindicalismo terá porque não será apenas para o primeiro semestre de 2017, mas para os próximos anos.

 

Não tenho dúvida de que nós retomaremos nossos direitos e conseguiremos imprimir uma reforma democrática e popular para o nosso país, seja no âmbito econômico ou na garantia de uma participação mais equitativa dos trabalhadores na distribuição do poder político".

 

Para o coordenador do Sindsprev-PE, José Bonifácio do Monte, o ano será intenso, mas haverá reação. "Estamos reunidos para podermos fazer a luta dos trabalhadores. Esse ano vai ser difícil por conta das reformas que o Governo Federal está implantando, falo da trabalhista e da previdência, mas também por conta do desemprego. Os especialistas políticos e econômicos disseram que a taxa já é de 22% e pode chegar a mais de 30% até o final do ano. A perspectiva é muito ruim, mas estamos nos organizando para deixar o movimento cada vez mais forte", declarou.

 

O presidente do INSS em Pernambuco, Leonardo Gadelha, e o diretor de Gestão de Pessoas do Ministério da Saúde, Pablo Leite, foram convidados para participar das plenárias, mas não compareceram. O encontro reúne aproximadamente 80 representantes de sindicatos de Sindsprevs da base do Rio de Janeiro, Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, São Paulo e Maranhão.


Entrevista Sandro Cezar, presidente da CNTSS/CUT - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social

 

Qual a relevância de plenárias como esta para a atual conjuntura do país?


Sabemos da dificuldade do cenário político e econômico que o Brasil atravessa, entretanto, é papel da Confederação e dos seus sindicatos organizar os trabalhadores para fazer a luta necessária para garantir o avanço dos direitos da categoria. A perspectiva é que possamos sair daqui organizados para fazer o enfrentamento da Reforma da Previdência, bem como iremos elencar estratégias necessárias para lançar a campanha salarial do ano de 2017. Se não houver avanço no processo de negociação, com certeza vamos tomar medidas mais drásticas.

 

De acordo com o professor doutor José Artigas, não há previsão favorável a curto prazo. Podemos nos preparar para uma possível greve?

                  

Com certeza. Óbvio que não é o desejo dos trabalhadores, mas é uma necessidade frente ao endurecimento do outro lado, do lado do governo, que muitas vezes se nega a negociar. No caso específico da categoria federal, em janeiro deste ano, acabou o acordo firmado nos últimos dois anos e não temos garantia de nada firmado para o ano que vem. Vamos nos organizar a fim de conquistar a reposição da inflação e o plano de carreiras.

 

Qual o maior desafio para os próximos meses?


O grande desafio para o servidor público este ano é barrar a Reforma da Previdência, é a nossa luta chave. Temos que impedir a aprovação dessa reforma. Ela retira direito dos trabalhadores e coloca o Brasil em uma situação extremamente complicada, como o único país do mundo que terá aprovado uma Reforma na Previdência em que a expectativa de benefício é pós-morte. Os trabalhadores têm que ter ciência do que está acontecendo, e eu acredito que boa parte tem e já está debatendo o tema. Vamos combater a Reforma da Previdência para as pessoas terem direito à aposentadoria.
 


 

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