CNTSS > LISTAR NOTÍCIAS > DESTAQUE CENTRAL > SINDSPREV PE LANÇA CAMPANHA POR MAIS SEGURANÇA EM AGÊNCIAS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
13/06/2016
Um dia após um segurado ter ameaçado servidores da Agência da Previdência Social do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, com uma faca e ter sido autuado pela Polícia Federal, os dirigentes do Sindsprev PE estiveram na APS para conversar com servidores e exigir da Superintendência do INSS – Instituto Nacional do Seguro Social medidas imediatas que possibilitem reforço na segurança nos locais de trabalho. " Sabemos que a crise chegou, mas não podemos deixar que a vida das pessoas fique em perigo. O número de casos de violência em APSs está aumentando. Em Salgueiro, já teve até tiro “, denunciou o coordenador geral do sindicato, José Bonifácio do Monte, ao lançar a campanha.
Na segunda-feira (06/06), o soldador Luiz Delfino da Silva, de 45 anos, procurou a agência tentando antecipar a perícia médica marcada para o próximo dia 17. De acordo com os servidores, ele já chegou nervoso, subiu para a parte de atendimentos, não pegou senha, foi até o guichê e disse que queria fazer a perícia. José Gomes da Silva, seu Deca, funcionário da APS há 34 anos, explicou que isso não poderia ser feito porque o agendamento era para a próxima semana. Revoltado, o homem abriu a bolsa, pegou uma faca do tipo peixeira e foi atrás do funcionário. " Ele veio atrás de mim dizendo que ia me matar. Mas eu não tenho culpa. Ninguém tem “, desabafou. Enquanto Seu Deca corria para escapar do segurado, outro funcionário, Raimundo da Silva Gomes, tentava acalmá-lo. " Eu estava indo buscar um papel na impressora e, quando vi o que estava acontecendo, fiquei muito preocupado. Disse ao rapaz para ele se acalmar, pedi para soltar a faca, deixar seu Deca ir, foi então que ele me pegou pelo pescoço e disse que ia me matar “, detalhou Raimundo. Depois de manter o funcionário sob ameaça e em cárcere privado, trancado em uma sala, o homem foi preso pela Polícia Militar e levado para a sede da Polícia Federal.
De acordo com a PF, a negociação para libertação dos reféns durou cerca de 20 minutos após a chegada da PM. Por sorte, ninguém ficou ferido. O suspeito foi autuado em flagrante por ameaça e cárcere privado, cujas penas podem variar de um a três anos de prisão, além de multa. O crime é afiançável e foi arbitrada uma fiança de R$ 2.460, considerando a infração, as condições financeiras do suspeito e a vida pregressa.
Para a polícia, Luiz Delfino disse que tomava remédio controlado e que sua intenção nunca foi ferir os trabalhadores. Em depoimento, ele disse que só queria dar um susto no funcionário e chamar a atenção da mídia para seu problema. Sem dinheiro, ele não tinha como sustentar a família. O soldador recebe benefício do INSS devido a um acidente de trabalho que ocasionou uma lesão no ombro. Ele estava com a perícia marcada para revalidar o benefício e, por isso, o pagamento referente ao mês de junho foi suspenso até a realização do exame.
O caso do Cabo de Santo Agostinho, no entanto, não foi o único. No último dia 31, quando os servidores estavam mobilizados no Grande Ato contra a Reforma na Previdência Social, uma segurada de Caruaru, no Agreste, ficou indignada após sua perícia médica ter sido remarcada e atirou uma pedra na porta da agência. Apesar de ter quebrado a porta de vidro, a pedra não acertou funcionários. Ainda assim, imagens do circuito interno de segurança da APS registraram toda a ocorrência e a mulher, uma vendedora autônoma de 27 anos, foi detida e levada para a Polícia Federal. Ela foi autuada por dano ao patrimônio, pagou fiança de R$ 500 e foi liberada para responder pelo crime em liberdade.
MAIS SEGURANÇA
Durante a reunião do coordenador geral, José Bonifácio, e do secretário de Imprensa e Comunicação, Marcondes Carneiro, com servidores da APS, os funcionários informaram que não foi a primeira vez que atos de violência colocaram em risco suas vidas. O superintendente interino do INSS e o gerente da Gerência Executiva Recife também estiveram no local para ouvir os servidores. O próximo passo é um encontro entre a entidade sindical e o órgão para definir os prazos para a instalação de melhorias na unidade.
"Eu não sei o que estão esperando acontecer para fazerem algo. Fora todos os problemas estruturais, como o sistema que não funciona, ainda ficamos aqui inteiramente expostos. Eu tenho minha vida, tenho família, tenho muita coisa para viver “, desabafou uma funcionária que preferiu não se identificar. O gerente da APS, Francisco Antônio da Silva, destacou algumas mudanças que podem ser feitas para minimizar os riscos. " Uma arquiteta já esteve aqui e fez um projeto novo de layout da agência, mas nada foi realizado porque disseram que não havia dinheiro. Aqui, nem rota de fuga nós temos. É preciso repensar também a vigilância. Nosso guarda é patrimonial e trabalha desarmado. Temos um detector de metal que não funciona com precisão. Não aconteceu nenhuma tragédia porque Deus não quis “, concluiu.
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