Servidores do INSS mantêm greve em Pernambuco

Os servidores do INSS em Pernambuco deliberaram pela continuidade da greve em assembleia realizada na segunda-feira, 31/08.  O encontro foi realizado no térreo da Gerência Executiva do INSS Recife, reunindo funcionários das Agências da Previdência Social da Capital, Região Metropolitana e do interior. Para a direção do Sindsprev/PE o nível do debate ocorrido na assembleia foi importante e contribuiu para melhorar a interação entre a categoria.

Inicialmente, o coordenador do Sindsprev PE, José Bonifácio, apresentou a proposta detalhada do governo que foi discutida em audiência entre o Comando de Greve da CNTSS/CUT e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).  Nesta reunião, realizada na quarta-feira passada, dia 26/08, o MPOG apresentou, por meio de ofícios, a proposta do Governo Federal para a pauta de reivindicações dos servidores do INSS.

Mas na assembleia a categoria sinalizou que é necessário avançar nos seguintes itens: 30 horas, os índices de reajuste salarial, o percentual de prazo de vigência da proposta e o adiantamento da medida das gratificações para janeiro de 2016. Para os servidores a proposta não atende a pauta apresentada pelas entidades nacionais.

Um momento marcante da reunião foi quando um grupo de 36 servidores ocupantes de funções de chefia na Gerência Executiva do INSS – Recife entregou formalmente seus cargos na manhã desta segunda-feira (31). O ato foi em apoio à greve da categoria, iniciada em  10 de julho.

Gerentes do INSS do interior do Estado entregaram os cargos na semana passada: na segunda-feira (24) foram 14 servidores da Gerência Executiva de Caruaru, e na sexta-feira (28), 26 funcionários de Petrolina.

Após a assembleia e o ato de entrega coletiva de cargos, os servidores saíram em passeata da Gerência Executiva Recife até o monumento Tortura Nunca Mais, na Rua da Aurora. A caminhada foi uma homenagem aos colegas que faleceram sem exercer o direito à aposentadoria. 

Abaixo manifesto dirigido ao Gerente Executivo da Gerência Recife, Géorge Sóstene Antunes Lima

Nós, gerentes de APS e substitutos, chefes de benefício, chefe da logística, Responsável técnica do Serviço Social, chefe e substituto da SOGP e Coordenadora da Unidade SIASS da Gerência Recife, em mais um gesto de fortalecimento do grandioso movimento grevista no INSS, iniciado há 53 dias, expressamos nosso repúdio à truculência e desrespeito do Governo Federal na condução das negociações. 

Não aceitamos a tentativa de desarticulação da greve manifesta na arbitrariedade do corte de pontos em vários Estados do País, antes inclusive do esgotamento das negociações ou decretação de ilegalidade da greve. 

Também entendemos como postura repudiável a morosidade na entrega de propostas formais para a categoria, fato que se caracteriza como descaso ao legítimo movimento paredista e contribui para o prolongamento da greve.

Destacamos, ainda, a desvalorização a que estão submetidos os cargos de chefias no INSS. Funções, essas, que carregam excesso de responsabilização pessoal e discrepância quanto à remuneração de gratificação.

Denunciamos as graves condições de trabalho a que todos os trabalhadores do INSS estão expostos diariamente, que fere, inclusive, o patamar da dignidade humana. 

Vivenciamos intensa pressão para atingirmos metas de atendimento incompatíveis com a capacidade das agências, devido à carência estrutural de servidores, programas informatizados que não dão conta de maneira exitosa das demandas e instrumentos de trabalho que não nos resguardam -  pelo contrário,  nos expõem quando exigem competências técnicas que não são nossa função. 

Tudo isto faz com que vivamos aterrorizados com a instituição de Processos Administrativos -PADs. Tal realidade tem impactado diretamente em nossa saúde, ocasionando desgaste físico e mental que culmina em processos de adoecimento e afastamentos contínuos do trabalho, fato que tem sido subestimado ou ignorado pelo INSS.

Nossa greve não é apenas por reajuste salarial adequado ao valoroso trabalho que prestamos todos os dias à sociedade. Nossa greve é um grito de indignação contra o desmonte da Seguridade Social, o sucateamento dos serviços públicos, a desvalorização dos servidores públicos, contra o adoecimento e mortes causados pelo atual modelo de gestão e pela precariedade das condições de trabalho às quais estamos submetidos. 

Exigimos direito à aposentadoria digna, não queremos morrer em atividade, devido a negação do gozo dos nossos legítimos direitos através de perdas financeiras significativas na aposentadoria, fruto do pior vencimento básico do poder Executivo e da ausência de construção da carreira do Seguro Social. 

Lutamos por dignidade para executar nosso trabalho e  por fortalecimento da política pública de Previdência Social, com o propósito de garantir acesso  e atendimento de qualidade para toda a população usuária.  

Reafirmamos nosso compromisso com a defesa da Instituição que operacionaliza a maior política de distribuição de renda do país.

Em consonância com o exposto,  nós que subscrevemos esse manifesto,  entregamos nossos cargos e funções. 

Recife-PE, 31 de agosto de 2015. 

Assinam: 

36 gestores