Os trabalhadores estaduais da saúde realizaram durante todo o dia de ontem, 10/06, uma longa manifestação para protestar contra a exclusão de parte da categoria do projeto salarial do Governo e o baixo índice de reajuste proposto.
A jornada começou no pátio da Administração do Iamspe (Instituto de Assistência Médica do Servidor Público Estadual). Além da localização estratégica (na mesma região da Assembléia Legislativa), a concentração lá serviu também para levar apoio à luta dos trabalhadores daquela autarquia que ameaçam paralisar caso a negociação sobre o pagamento da insalubridade não chegue a um acordo.
De lá, os trabalhadores da saúde, com representação de todo o estado, seguirão em passeata até a Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp). A manifestação foi acompanhada pela Polícia Militar e por um helicóptero de uma rede de televisão. Segundo a imprensa, houve um congestionamento de 8 km. Mesmo assim, transeuntes e motoristas manifestavam solidariedade.
Ao chegar à Assembléia Legislativa de São Paulo, considerada a “casa do povo”, os trabalhadores encontraram as portas fechadas. Um cordão de policiais barrava as entradas do prédio.
Diante dessa medida autoritária e antidemocrática, os trabalhadores realizaram um protesto do lado de fora enquanto a Comissão de Negociação do SindSaúde-SP entrava em contato com parlamentares para liberar a entrada da categoria bem como buscar o apoio do legislativo as suas reivindicações.
Com a intervenção do presidente da Comissão de Saúde e Higiene, deputado Adriano Diogo (PT), o SindSaúde-SP conseguiu se reunir com o líder do Governo, Barros Munhoz (PSDB), que se comprometeu a conversar com o Governo para saber o prazo da entrada do projeto na Alesp e informar ao Sindicato. Também agendou uma reunião do Sindicato com o Colégio de Líderes no dia 17 de junho para que o Sindicato apresente suas reivindicações.
Liberada a entrada dos trabalhadores, eles se dividiram em pequenas comissões, por região. Com um documento, contendo um breve relato sobre o projeto do Governo, a jornada de luta da categoria e suas reivindicações, buscaram o apoio dos deputados de sua região.
Como o projeto ainda não chegou à Alesp, os trabalhadores permanecerão mobilizados, continuando a luta por aumento salarial e pressionando o Governo para que envie com urgência o projeto para o legislativo e possa haver tempo para debate e inclusão de emendas, estendendo o reajuste para todos os trabalhadores da saúde e melhorando o índice proposto pelo Governo.
O projeto do Governo inclui incorporação das gratificações GASS (R$ 60,00) e Extra (R$ 25,35) e 22% de reajuste no salário base, com as gratificações incorporadas. Isso significará cerca de 5% a mais no bolso do trabalhador, abaixo da inflação no último período e bem distante dos 42% de reposição das perdas salariais reivindicados pela categoria que está sem reajuste desde 2005.
A incorporação de gratificações no salário base é uma reivindicação recorrente da categoria. O SindSaúde-SP estava negociando a incorporação da GEA, maior gratificação da saúde. Porém o Governo decidiu incorporar duas das menores.
O reajuste de 22% no salário base, hoje em torno de R$ 100,00, também não atende à categoria. O SindSaúde-SP reivindica elevação do piso para o equivalente a dois salários mínimos, iniciando um processo de aumento gradual, com vistas ao salário mínimo necessário calculado pelo Dieese.
Os trabalhadores estão revoltados. Além de ser insuficiente, o projeto exclui parte da categoria. É somente para os trabalhadores da área técnica (Lei 674). Para a área administrativa da saúde (Lei 712), não está previsto nenhum reajuste, apenas a promessa de que o Governo pretende fazer um reajuste até o final do ano.
Como a exclusão dos administrativos não aconteceu somente na área da saúde, o SindSaúde-SP está articulando com outras entidades do funcionalismo uma ação conjunta contra essa política divisionista do Governo.
A pedido de deputados, o SindSaúde-SP também está preparando um documento expondo os motivos das reivindicações dos trabalhadores e justificando a necessidade de emendas que corrijam as distorções do projeto do Governo.