Os efeitos da crise internacional podem chegar também aos planos e seguros de saúde. Por enquanto, os contratos individuais estão resguardados, pois o reajuste só será definido em maio do ano que vem pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Mas se a crise persistir por muito tempo, a alta do dólar vai bater diretamente nos custos médico-hospitalares. Como muitos materiais e equipamentos de alta complexidade são importados, o aumento de preços pressionará por maiores índices de reajuste para o setor.
Os planos coletivos é que podem começar a repassar a diferença das despesas, já que os reajustes são de livre negociação entre empresas e operadoras. “Realmente, os custos dos planos de saúde aumentaram muito com a valorização do dólar frente ao real. O problema é a concorrência muito grande. Quem aguentar absorver mais o impacto de elevação dos preços com certeza vai levar vantagem, pois não é fácil repassar o aumento de custos”, ressalta Arlindo de Almeida, presidente da Associação Nacional das Empresas de Medicina de Grupo (Abramge).
Moacir Zanatta, diretor-regional da Amil no Centro-Oeste, acredita que a operadora será impactada quando chegar a conta do hospital e os clientes particulares também sentirão os efeitos. “As diárias e as taxas é que são reajustadas anualmente. Para o restante, as tabelas mudam conforme o aumento de custos”, explica. Walter Elyrio do Valle, diretor-técnico da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), reconhece o aumento significativo dos custos médico-hospitalares, mas não acredita em efeitos significativos este ano. Para Solange Beatriz Mendes, diretora-executiva da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa as seguradoras, ainda é prematuro prever os possíveis impactos da crise mundial no Brasil, mas reconhece que a desvalorização do real traz efeitos sobre os custos das empresas de planos de saúde.
Segundo Erickson Blum, superintendente dos hospitais Brasília e JK, materiais e medicamentos têm peso de 40% no custo dos hospitais. Com o aumento de cerca de 30% nos produtos importados, ele calcula impacto de 17% a 18% no custo total e 8% no custo final. Porém, não há como repassar para as operadoras e os clientes particulares, que representam apenas 3% do fluxo dos hospitais. “As margens, que já são muito apertadas, terão que diminuir ainda mais”.