"O apartheid é um crime contra a Humanidade. Israel privou milhões de palestinos da sua liberdade e da sua propriedade. Ele perpetua um sistema de discriminação racial e de desigualdade. Encarcerou e torturou sistematicamente milhares de palestinos, em violação do direito internacional. Desencadeou uma guerra contra a população civil e em especial contra as crianças. Se quer formalizar o apartheid, não o apoiarei. Se quer apoiar a discriminação racial e a limpeza étnica, conte com a nossa oposição".
Carta de Nelson Mandela ao jornalista norte-americano Thomas Friedman
Os números desta quinta-feira, 15 de janeiro de 2008, apontam que mais da metade dos mil palestinos mortos pela recente agressão israelense contra a Faixa de Gaza são mulheres, crianças e idosos. A cada dia que passa, multiplicam-se os relatos, fotos e filmagens dos resultados da política de punição coletiva implementada pelo apartheid israelense que, fazendo da população civil o alvo principal do que alega ser sua luta contra o Hamas, pratica o mais covarde e repulsivo terrorismo de Estado.
Pelo que se pode observar, há três questões que servem de motor para o atual banho de sangue promovidos pelos conhecidos "bombardeios cirúrgicos", já realizados pelo seu irmão do Norte contra o Iraque, a Iugoslávia e o Afeganistão: a ausência de um Estado palestino, a baixa popularidade do governo de Israel e os interesses inconfessáveis da máquina de guerra da indústria armamentista norte-americana.
Israel não apenas nega aos palestinos o seu histórico direito a um Estado livre e soberano - reconhecido pela ONU -, também faz uso dos maiores e mais abjetos recursos para sabotá-lo e inviabilizá-lo. São ações de caráter de extermínio, genocidas, que passam desde o controle militar das fontes de água e energia - mais do que estratégicas em qualquer lugar do mundo e, particularmente, na região - pela crescente e ilegal ocupação territorial alheia, com a construção do seu gigantesco e asqueroso muro, até a manutenção de milhões de palestinos em campos de refugiados em inúmeros países. Não por outra razão, o muro do apartheid dá voltas: ele contorna onde tem água, o que também inviabiliza a produção agrícola palestina e agrava a fome em momentos de "cerco e aniquilamento", como os atuais.
A tática de fazer uso eleitoral da vida alheia - seja de civis inocentes ou de seus próprios soldados - vem dos Bush, com sua política de sangue por petróleo, assim como vem da terra do Tio Sam os fartos e custosos armamentos que transformaram o Estado de Israel em cabeça de ponte do imperialismo para a super exploração dos países árabes. Como não pode lançar bombas sobre a oposição interna, o governo israelense decidiu impedir a participação eleitoral dos partidos árabes nas eleições legislativas de 10 de fevereiro, demonstrando o que entende por "democracia".
Defendendo o direito dos povos à sua auto-determinação, levantamos bem alto a bandeira da soberania e da solidariedade, a única que pode garantir uma paz justa para os povos do mundo que, como os palestinos, jamais abdicarão da sua determinação de resistir e vencer.
Escrito por João Antonio Felício, secretário de Relações Internacionais da CUT