No livro “Caminhos para uma comunicação democrática”, editado pelo jornal Le Monde Diplomatique, o sociólogo espanhol Manuel Castells, renomado estudioso da área de comunicação, afirma: “A maior influência que a mídia exerce sobre a política não é proveniente do que é publicado, mas do que não o é, de tudo o que permanece oculto, que passa despercebido. A atividade midiática repousa sobre uma dicotomia: algo existe no pensamento do público se está presente na mídia. O seu poder fundamental reside, portanto, na sua capacidade de ocultar, de mascarar, de omitir”.
O raciocínio de Castells se encaixa perfeitamente à cobertura que a mídia deu ao Dia Nacional de Luta e Mobilizações em Defesa do Emprego e dos Direitos, nesta segunda-feira (30). Na fase dos preparativos, os jornalões e as emissoras de televisão simplesmente não deram qualquer destaque a esta iniciativa histórica, que uniu as oito centrais sindicais e os principais movimentos sociais - como UNE e MST. Nem sequer uma linha do manifesto unitário, que exigiu “emprego e salário, manutenção e ampliação dos direitos, redução dos juros e da jornada de trabalho sem redução salarial, reforma agrária e investimentos em políticas sociais”, foi divulgada à sociedade.