Alternativas para diminuir a corrupção na política e fortalecer a economia nacional
Publicado: 18 Julho, 2011 - 00h00
Escrito por: Vagner Freitas, secretário Nacional de Administração e Finanças da CUT
A imprensa que antes era protagonista de incessantes ataques à presidenta Dilma, colocando em xeque a capacidade de comandar o país ou até mesmo explorando de forma negativa o passado da militante na luta pela redemocratização do país, mudou de alvo, ou melhor, resgatou uma antiga vítima.
Agora, a cada suspeita de corrupção no governo federal, e principalmente quando o acusado se afasta do cargo para se dedicar a defesa do processo, os jornais o condenam antes dos tribunais e em letras garrafais, sempre na primeira página, disparam: “Cai mais um homem forte do governo Dilma”. O estardalhaço midiático além de fazer brotar na cabeça da sociedade a falsa idéia da imoralidade administrativa enraizada em Brasília, elege Dilma Roussef como a responsável pela faxina dos “camaradas corruptos” deixados por Lula na estrutura do governo nesses oito anos de governo, e que foi batizado pelo PSDB e pela mídia golpista como a “herança maldita”.
Mesmo após deixar o governo, sabemos que o fato de Lula ter saído com mais de 80% de aprovação popular, incomoda e causa repulsa a todos aqueles que apostaram no fracasso de um governo popular democrático. Por conta, disso o ex-presidente continua sendo vítima de ataques orquestrados por aqueles que perderam as eleições.
A “herança maldita” deixada por Lula nesses oito anos foram os 224 bilhões de investimentos na Petrobrás, mais de 6 mil quilômetros de ferrovia, geração de 15 milhões de empregos, a retirada de aproximadamente 24 milhões de pessoas da miséria, ingresso de 700 mil jovens de baixa renda nas universidades, construção de 3 hidrelétricas e obras em andamento em todo o país. Com certeza estas devem ser “heranças malditas”, pois, assegura que a direita terá que trabalhar muito para voltar ao poder.
Nesta semana o destaque dos principais jornais do país é o suposto esquema de corrupção na Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte). O diretor-geral do departamento é suspeito de superfaturamento de obras para abastecer os cofres do PR (Partido da República).
Saber se houve ou não o desvio é de extrema importância, porém, se já estivéssemos realizado uma reforma política que, entre outros pontos, defende o financiamento público ao invés do privado (banqueiros e empreiteiras) nas campanhas eleitorais, palavras como “caixa 2” e lavagem de dinheiro, seriam cada vez mais raro nos cadernos de política.
A CUT está na luta por uma reforma política que amplie a democracia direta e representativa. Por isso estamos realizando seminários e debates para diminuir dúvidas junto à sociedade sobre o tema. Sabemos o quanto é necessário discutirmos um novo modelo de sistema eleitoral, com mecanismos de participação e controle social, orçamento público participativo, financiamento público exclusivo para campanhas eleitorais e a criação de mecanismos para eliminar o abuso do poder econômico, voto em lista com alternância e proporcionalidade de gênero - definidas em convenções partidárias e explicitação de critérios; fidelidade partidária e programática e eliminação de cláusulas de barreira.
O dia 6 de julho foi eleito o dia nacional de lutas pela Central Única dos Trabalhadores, momento em que saímos às ruas de todo o país para levar a pauta que a CUT quer fazer valer no Congresso Nacional. Entre a série de importantes reivindicações está a Reforma Política. Tenho convicção que a conquista desta reforma não será uma das tarefas mais fáceis, porém, a classe trabalhadora, que tem em seu currículo acúmulos de vitórias decorrente de incansáveis lutas e mobilizações, está dando um grande passo para transformar a eleição mais cara do mundo, na mais democrática e ajudando o país a se livrar da verdadeira herança maldita, a nebulosa forma de financiamento de campanhas eleitorais.
Por falar em herança, uma das maiores “fortunas” recebidas pela presidenta, às quais ela mesma ajudou a construir, foram os resultados dos investimentos em programas sociais e o fortalecimento da economia brasileira.
Mesmo com a alta taxa de juros (uma das maiores do mundo) que é a grande responsável pelo entrave para o crescimento do país, em detrimento da riqueza de banqueiros e especuladores, o Brasil continua com sua economia aquecida. Porém, para chegarmos a ser a quinta economia mundial, precisaremos de muito mais.
No começo do mês de julho, participei de um grande ato com 30 mil metalúrgicos que pararam a via Anchieta para protestar contra o alto volume de importações que põe em risco a indústria nacional e conseqüentemente milhões de empregos.
Segundo contas da Subseção Dieese do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, os 700 mil veículos trazidos do exterior em 2010 impediram a abertura de 103 mil postos de trabalho aqui no Brasil.
Como os números deste ano já são 38% maiores, a quantidade de vagas que deixarão de ser criadas também será maior.
Mesmo o país batendo recorde de emplacamento de automóveis nacionais e importados é nítida a necessidade de debater um novo modelo de política industrial que preserve o emprego e fortaleça a indústria nacional.