Os democratas da Câmara dos Representantes conseguiram uma vitória histórica no domingo ao aprovar a reforma do sistema de saúde americano, mas isso também causou novos desafios que o partido e o presidente Barack Obama terão de enfrentar nos próximos meses.
A grande maioria das reformas do sistema de saúde não entrará em vigor até 2014 - mas a legislação dará início a uma nova e imediata rodada de disputa política.
Medida continua impopular junto a muitos americanos. Os republicanos prometeram que continuarão fazendo oposição à lei.
Uma nova rodada de debates deve acontecer na terça-feira, quando a segunda parte da reforma será discutida no Senado. Os republicanos terão uma nova chance de derrubar algumas emendas.
Briga política
O principal alvo dos republicanos será o aumento de impostos necessário para cobrir o rombo de bilhões de dólares que será causado pela reforma.
Ainda não está claro quem vai arcar com esses custos. Com a economia ainda fragilizada e o desemprego beirando os 10%, há preocupações de que um aumento de impostos pode anular todos os ganhos de se ampliar a cobertura de saúde no país.
Os republicanos acreditam que se continuarem fazendo oposição à lei ganharão votos nas eleições para o Congresso, em novembro.
Já os democratas creem que em alguns distritos onde a opinião pública está mais dividida, a aprovação da reforma de saúde pode custar votos em novembro, podendo até levar os democratas a perder a maioria no Congresso.
Implementando a lei
Além das preocupações políticas, há também o temor de que as ideias aprovadas pelo Congresso mudem radicalmente, depois que a lei entrar em vigor.
O diretor de políticas de saúde pública do Instituto Cato, Michael Cannon, acredita que dificilmente a lei aprovada neste domingo ficará inalterada nos próximos quatro anos. "Ela cria muitas situações instáveis que o Congresso terá de legislar", afirma ele.
Uma dessas situações é a cobertura de crianças que já têm doenças. As seguradoras terão de oferecer cobertura a esse tipo de paciente nos próximos seis meses, mas não está claro na lei quanto será cobrado por isso.
Outro problema é que pessoas jovens e saudáveis receberam agora um incentivo para parar de pagar planos privados de saúde, sabendo que terão alternativas mais baratas no futuro próximo. Isso pode provocar uma crise geral no mercado privado de saúde.
Pesquisas de opinião indicam que os americanos continuam divididos sobre a reforma. Muitos não acreditam que a legislação atingiu o ponto de equilíbrio certo entre a quantidade de benefícios, o controle dos gastos e a regulação das seguradoras.
Caberá ao presidente Barack Obama tentar mudar o humor do país, especialmente entre eleitores que continuam céticos sobre os benefícios da reforma.
A reforma do sistema de saúde tornou-se um marco divisório da gestão Obama. Após a votação, ele disse que a reforma mostra que um governo do povo ainda trabalha para o povo.
Ele terá sete meses antes das eleições de novembro para convencer os americanos de que está certo.