O projeto de lei que criminaliza a homofobia, em tramitação no Senado Federal, depende de senadores sensibilizados pela questão mas que temem a reação de seu eleitorado. A senadora Marta Suplicy (PT-SP), relatora do texto atualmente, considera que, apesar desse comportamento de parte dos parlamenteres, é possível que o texto seja aprovado na atual legislatura.
Para a senadora, a Casa está dividido em três partes. De um lado, estão parlamentares contrários à medida e, por isso, não vão mudar de posição. De outro, estão senadores que defendem a bandeira. Por fim, há um grupo que entende o que é o combate à homofobia, mas tem "medo" do eleitor. "São estes últimos os que temos de convencer, (a quem temos) de mostrar que o Brasil está preparado e maduro para isso", avalia.
"O que não pode haver é o ódio no Brasil", sustenta. Marta lembra ainda que, apesar de levar no nome o combate à homofobia, o projeto tem penas previstas para discriminação contra idosos e portadores de deficiência.
DIMENSÃO
Ela conta que, como relatora, recebe e-mails com relatos de casos de homofobia diariamente. "Mesmo trabalhando há tanto tempo com a questão, fico surpresa e, em alguns casos, até emocionada", relata. "Não tinha ideia da quantidade e da gravidade das agressões", alerta.
Em relação à resistência de setores e lideranças religiosas é exagerado. "Igreja nenhuma terá de fazer casamento de pessoas do mesmo sexo, porque cada religião segue seus preceitos, não é para elas a lei", vaticina. "A lei é para o bar que não aceita casal homossexual, a empresa que não dá emprego. Isso não pode acontecer e tem de ter lei", sustenta.
Marta tratou como "heroínas" outras duas parlamentares que se envolveram com o projeto. A ex-deputada federal Iara Bernardes, autora da proposição, e a senadora Fátima Cleide. Esta última foi a responsável pela ampliação da lei para além de ocorrências com homossexuais.