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Presidenta da CNTSS/CUT participa do 7º Ciclo de Debates da CUT que discutiu o racismo estrutural na sociedade

01/12/2023

Discussão colocou em pauta a importância de discutir a questão racial por um viés de classe, e que interesse à classe trabalhadora

Escrito por: CUT

 

As questões centrais que atravessam a questão racial e de classe na sociedade hoje foram debatidas no 7º Ciclo de Debates da CUT, nesta quarta-feira (29), cujo tema foi racismo estrutural. Maria Júlia Reis Nogueira, secretária de Combate ao Racismo da CUT Nacional, Walkíria de Souza Silva, liderança no movimento negro, e Ramatis Jacino, pesquisador da Universidade Federal do ABC, foram os debatedores.

 

Ramatis, o primeiro dos debatedores convidados a falar, chamou atenção para o que ele chama de “onda negreira” que a sociedade está vivendo, emergida após o assassinato do afro-americano George Floyd, nos Estados Unidos.

 

“A televisão está cheia de negros na novelas, nas propogandas. Os bancos com suas fundações, como Itaú, Bradesco, estão colocando dinheiro em organizações negras que discutem a questão racial. O que aconteceu? Eles decidiram abandonar o racismo e se aliar aos negros?”, provocou Ramatis ao grupo. 

 

A pergunta, o próprio pesquisador respondeu. Ele afirma que há duas questões importantes dentro desse fenômeno. O primeiro é que as empresas se deram conta que mais da metade da população é negra, e que, portanto, há um enorme mercado consumidor que precisa ser melhor assimilado para as suas comunicações. 

 

A segunda, e mais grave, ainda segundo Ramatis, é que a classe hegemônica, o sistema financeiro, os donos das grandes fortunas e do capital, entenderam que a discussão racial é inevitável, “e com isso desejam levar o debate para dentro dos seus espaços e formulando seu próprio discurso, que é aquele onde o racismo será resolvido na esfera individual. Onde as desigualdades de acesso serão resolvidas pela meritocracia. Eles querem destituir qualquer debate que proponha o racismo como algo sistêmico, e que, portanto, para superá-lo é fundamental mudar o sistema em que vivemos”, afirma. 

 

O foco das pesquisas de Ramatis é o período de transição do trabalho escravo para o trabalho livre, como os ex-escravizados sobreviviam no novo modelo econômico e como aquela sociedade em construção se comportava em relação aos negros oriundos do cativeiro. Como docente do Bacharelado de Economia da Universidade Federal do ABC sua linha de pesquisa é "Desigualdade de Raça, Gênero e Renda".

 

A secretária da CUT Julia Nogueira seguiu a linha de Ramatis. Para ela, “a manutenção da sociedade capitalista representa a manutenção de desigualdade, incorporada por milhares de mulheres e homens negras e negros.”

 

“O Brasil precisa enfrentar o racismo de frente, e como uma questão de Estado. Cada vez que vamos debater um ponto sobre o racismo, como a falta de oportunidades, a violência policial, a falta de acesso à saúde, à moradia, à educação, compreendemos que essa ferida só vai embora com reparação histórica e uma convergência de ações públicas”, explicou Júlia. 

 

O Ciclo de Debates é realizado uma vez por mês, sempre na última quarta-feira do mês, e coloca na mesa discussões centrais para a classe trabalhadora. Em outubro o tema foi Previdência. 

 

 

Carolina Servio

 

 

Fonte:  https://l1nq.com/rzB5x

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