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08/03/2023
Hoje, 8 de março, é o Dia Internacional da Mulher, uma data que marca a luta por direitos iguais e paridade de gênero. Nós, trabalhadoras da saúde do estado de São Paulo, somos 75% da força de trabalho que atende a população e não somos valorizadas. Por isso, esse ano na nossa campanha salarial exigimos um aumento de 50%, pois os homens brancos poderosos que governam esse estado tiveram esse mesmo percentual de reajuste dos seus salários enquanto nós, mulheres trabalhadoras que já ganhamos menos, continuamos sem um aumento justo.
Também estamos lutando pelo piso salarial da enfermagem e pelo respeito ao nosso trabalho na área de saúde. No entanto, durante esses anos todos dos vários governos que passaram pelo estado de São Paulo continuamos vendo a desvalorização das trabalhadoras desse estado.
Nas outras áreas e em todo o mundo, infelizmente não temos muito a comemorar, pois, de acordo com a ONU Mulheres - organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero -, se continuarmos avançando no ritmo atual, a previsão global de igualdade entre homens e mulheres é de quase trezentos anos.
Ainda temos muito que conquistar, pois a violência de gênero mata uma menina ou mulher a cada 11 minutos e os agressores fazem parte da família da vítima, segundo a ONU Mulheres, e cerca de 383 milhões vivem em pobreza extrema, afetadas pelas persistentes desigualdades.
Mulheres no mercado de trabalho
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (Diesse) apresentou os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre o 3º trimestre de 2022, revelando que, no Brasil, o número de mulheres com 14 anos ou mais é de 89,6 milhões, e desse total, 47,9 milhões faziam parte da força de trabalho.
As mulheres ganham 21% a menos do que os homens e representam 91% dos trabalhadores e trabalhadoras nos serviços domésticos. Na área da educação, saúde e serviços sociais, elas ganham 32% a menos e correspondem a 75% dos(as) trabalhadores(as). Só na saúde estadual, nós, mulheres, representamos 71% da força de trabalho.
No estado de São Paulo, as mulheres ganham 24% a menos do que os homens, 72,2%. Cerca de 28,9% ganham até um salário mínimo, dentre estas 35,7% são negras e 28,9% são brancas. Isso significa que o racismo agrava a desigualdade de gênero.
Violência contra a mulher
Em 2022, o Brasil teve um aumento de todos os tipos de violência contra a mulher, desde xingamentos e ameaças até a violência física e a morte, de acordo com o estudo do Datafolha. No mesmo ano foi constatado que, diariamente, 50.692 mulheres sofreram violência.
Ao longo da vida, as mulheres pretas são as que sofrem mais violência, apesar de constituírem 33,4% da população, elas representam 48% do total das vítimas. A proporção apresentada de mulheres pretas com filhos é de 44%; que sofrem violência entre 25 a 34 anos: 48,9%; com escolaridade até o ensino fundamental: 49%; e divorciadas: 65,3%.
Avanços e conquistas
As conquistas realizadas pelas mulheres sempre foram fruto de muita luta, desde o direito ao voto, aos estudos, ao divórcio, e ao planejamento familiar. São contrapontos em meio a tanta injustiça social e violência.
No domingo (05), entrou em vigor as novas regras de esterilização voluntária: laqueadura e vasectomia, diminuindo a idade mínima e excluindo a exigência de consentimento do cônjuge para a realização do procedimento.
Também foi garantida a oferta de qualquer método de contracepção com o prazo de até 30 dias e a realização da cirurgia de laqueadura após o parto. Entretanto, a lei também orienta que a esterilização precoce seja desencorajada pela equipe interdisciplinar de saúde no período entre a manifestação da vontade e do ato cirúrgico. As mulheres que optam por não ter filhos ainda são discriminadas pela sociedade e pelas políticas públicas de saúde.
Na educação, as mulheres são maioria entre estudantes de pós-graduação, de acordo com estudo da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), correspondendo a 54.2% de matriculados e 58% de beneficiários de bolsas de estudo.
Entretanto, o Laboratório de Estudos sobre Educação Superior (LEES) da Universidade de Campinas (Unicamp), apurou que enquanto o número de títulos de doutorado obtido por mulheres, entre 1996 e 2014, foi de 51%; o crescimento do número de professoras nas universidades foi de apenas 1%. Ou seja, o aumento da escolaridade ainda enfrenta a barreira da desigualdade de gênero para o acesso ao emprego.
Mulheres em luta
Em defesa da democracia, autonomia econômica e emprego decente, as mulheres do SindSaúde-SP irão participar do ato no dia 8 de março, na capital paulista, chamado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) estadual e demais movimentos sociais e feministas.
Você, mulher trabalhadora da saúde, venha conosco fazer coro na luta pelos direitos das mulheres, como salários iguais, fim da violência de gênero, por inclusão social e contra racismo e assédio no mundo do trabalho.
A concentração do ato será às 15h, no Espaço Cultural Lélia Abramo, localizado na Rua Carlos Sampaio, 305, Bela Vista (próximo à estação Brigadeiro do metrô), de onde as mulheres cutistas sairão juntas para a Avenida Paulista.
Fonte: https://bit.ly/3LFDeMb
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