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Simesp é contra o uso de cloroquina e hidroxicloroquina

21/05/2020

Vale ressaltar que o governo deveria melhorar a assistência à Atenção Primária à Saúde, porta de entrada de pacientes no SUS, ampliando o cuidado precoce com os pacientes sintomáticos

Escrito por: Simesp

 

O Ministério da Saúde (MS) divulgou orientações que liberam o uso de cloroquina e hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes com Covid-19 (coronavírus) em todos os graus. O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) é contra tal medida, que não tem comprovação científica de benefício aos pacientes, pelo contrário, segundo pareceres da Sociedade Brasileira de Infectologia e da Sociedade Brasileira de Imunologia, pode trazer malefícios graves à saúde desses pacientes. Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) e a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) também não recomendam o uso do medicamento fora de protocolos de pesquisa devidamente autorizados pelos Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs).

 

Tais orientações do governo federal, se reproduzidas por médicos, podem afrontar o artigo 113 do Código de Ética Médica, que diz ser vedado ao médico “divulgar, fora do meio científico, processos de tratamento ou descoberta cujo valor ainda não esteja expressamente reconhecido cientificamente por órgão competente.” Sem comprovação científica, o uso do medicamento pode piorar a condição de saúde do paciente, o que contraria o princípio bioético da não maleficência, que estabelece que o médico sempre deve causar o menor prejuízo ou agravos à saúde do paciente.

 

Enquanto o governo federal investe em uma estratégia sem evidências científicas, também tem uma postura de inércia frente a outras possibilidades de ações. O presidente Jair Bolsonaro ainda se mostra completamente contrário às políticas de isolamento social que foram efetivas em países como Coréia do Sul, Singapura e Vietnã, participando de manifestações, saindo a público e promovendo aglomerações.

 

Vale ressaltar também que o governo deveria melhorar a assistência à Atenção Primária à Saúde, porta de entrada de pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS), ampliando o cuidado precoce com os pacientes sintomáticos, inclusive com telemonitoramento, incentivando o isolamento desses casos, diminuindo assim a transmissão da doença.

 

Seria papel da presidência oferecer aporte financeiro às pessoas com baixa renda e ajuda a pequenas empresas e profissionais informais em valor e tempo suficientes para garantir o sustento dessas pessoas por um período que fosse suficiente para controlar a epidemia e que fosse de fácil acesso. Em vez disso, Bolsonaro faz piada e debocha de um momento tão sério em que as pessoas estão perdendo suas vidas.

 

 

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