RAFAEL GARCIA -DE WASHINGTON
O combate a doenças mentais hoje tem como principais desafios o treinamento de agentes de saúde locais, o acesso a medicamentos e a atenção dada a crianças.
Esses foram os destaques de um painel que reuniu 400 cientistas, clínicos e representantes de pacientes com problemas mentais. O projeto Grand Challenges in Global Mental Health (Grandes Desafios em Saúde Mental Global), liderado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, divulgará amanhã o relatório do trabalho no site grandchallengesgmh.nimh.nih.gov.
Mas um sumário-executivo publicado na revista científica "Nature" já trouxe 25 itens que devem ser prioridade nos próximos 10 anos. Das sugestões, 5 foram destacadas como as mais importantes. São aquelas mais capazes reduzir o impacto de doenças mentais, mais viáveis e de retorno rápido.
"Consideramos, por exemplo, que o consumo de álcool e de outras substâncias está entre as principais causas de transtornos, mas não tem sido tratado como prioridade" disse à Folha Pamela Collins, do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA, coordenadora do projeto.
Ainda segundo o Grand Challenges, a depressão é a terceira doença com mais peso no conceito de "carga de doença" desenvolvido pela OMS -que considera impacto financeiro, mortalidade e perda de qualidade de vida.
Um dos pontos de consenso do relatório foi a necessidade de colocar mais em foco a atenção dada a crianças. "Muitos problemas de saúde mental em adultos têm origem na infância ou na adolescência", diz a psiquiatra Isabel Bordin, da Unifesp, membro do conselho do Grand Challenges.