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A CUT e o conto da central “chapa branca”

Escrito po: Angelo D’Agostini Junior, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de SP

13/06/2012

O movimento sindical cutista tem sido objeto de uma crítica sistemática e mentirosa por parte da direita - da mídia que a ela serve - e do esquerdismo infantil. Gente que se julga revolucionário ao rebaixar a atividade sindical a palavras de ordem e oposição sistemática e inconseqüente aos governos democráticos e populares que ganharam projeção nacional em 2003, com a primeira eleição de Lula.

Desconhecendo nossa trajetória e convicções acerca da independência e autonomia sindical, estes setores que, sintomaticamente, adotam discursos e análises semelhantes, insistem na tese de que a proximidade política entre a militância cutista e petista necessariamente leva a uma “domesticação” do movimento sindical, que teria se tornado “chapa branca”, atrelado aos interesses partidários e governamentais. Menos por ingenuidade e mais por má-fé, direita e “esquerda” confundem compromisso ideológico, defesa de um projeto global de sociedade mais justa e democrática, com atrelamento.

Os cutistas, assim como todo brasileiro ou brasileira com consciência política, defendem e defenderão um governo que está tirando milhões da miséria, gerando empregos, melhorando salários, resgatando a soberania nacional, democratizando o Estado e combatendo todas as formas de discriminação. Os cutistas têm lado e nunca se deixarão usar pelas oligarquias que comandaram essa nação por quinhentos anos, apropriando-se de toda a sua riqueza, condenando a maioria dos brasileiros à exclusão social.

A nossa independência e autonomia sindical, assim como a recusa em servir de “correia de transmissão” partidária ou governamental é atestada por recente publicação do Sistema de Acompanhamento de Greves (SAG) do DIEESE. Segundo essa pesquisa, entre 1995 e 2002 (período do mandato de FHC) foram realizadas 133 greves na esfera pública federal, o que inclui funcionalismo e empresas estatais. Já entre 2003 e 2010, durante os dois mandatos presidenciais de Lula, o número de greves foi de 248, dirigidas, em sua ampla maioria, por sindicatos filiados à CUT, que representa em torno de 90% dos trabalhadores públicos federais e de estatais.

Temos muito claro que vivemos um momento político de transição, que nossos governos são resultado de composições, obrigados a administrar nos marcos do capitalismo e que a relação entre trabalhadores e empregadores (sejam eles públicos ou privados) por muito tempo ainda será marcado por conflitos e negociações. O fato de elegermos governos compromissados com os trabalhadores não garante o atendimento de todas as nossas demandas, portanto se faz necessário a legítima pressão do movimento social para que existam avanços concretos.

O refluxo do movimento sindical durante o período dos mandatos demo/tucanos se deu pela retração econômica, criminalização dos movimentos, perseguição à grevistas, recusa às negociações, terceirizações no serviço público e privatizações que eliminaram inúmeros postos de trabalho. Exemplo maior da prática do governo FHC em relação ao mundo do trabalho foi a maneira que tratou a greve dos petroleiros em 1995, com a utilização, inclusive, das Forças Armadas na repressão. Em governos assim, resta aos trabalhadores resistir e foi a resistência que impediu a vitória completa do projeto neoliberal, obrigado, por exemplo, a recuar do projeto de privatização da Petrobrás.

Já nos dois governos de Lula, e em um ano do mandato da companheira Dilma, existiu avanço concreto para os trabalhadores em geral e na esfera pública federal, em particular: planos de carreira, aumentos reais de salário, concursos públicos, fim das terceirizações e privatizações, mesa permanente de negociação, transparência, reconhecimento das centrais.

A comparação entre os mandatos de Lula e FHC permite concluir que só é possível existir avanços reais para os trabalhadores com governos democráticos, que dialogam e respeitam o movimento, recusando criminalizá-lo. A melhora das condições de vida dos trabalhadores brasileiros é resultado da combinação entre um governo com sensibilidade social e um movimento sindical aguerrido, autônomo e consciente, que está sabendo aproveitar o bom momento político e econômico para avançar em conquistas históricas.

Acusar a CUT de “chapa branca” é apostar na mentira e rejeitar fatos concretos, que os números do DIEESE ilustraram, de maneira inquestionável.

Não podemos esperar que a mídia, comprometida com o atraso, o autoritarismo e o projeto neoliberal, altere suas acusações. A utilização da mentira para dividir os trabalhadores é da sua natureza e conseqüência natural dos seus compromissos de classe. Há que se fazer, contudo, um chamamento aos setores que se dizem de esquerda para que abandonem o sectarismo e venham se somar à militância cutista na luta por melhores condições de vida para todos os brasileiros e brasileiras, pauta bem mais importante do que denúncias infundadas acerca de um atrelamento inexistente.

A CUT continua de luta, de base e independente. Os sindicalistas petistas e a CUT continuam vermelhos!

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