Escrito por Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Congresso tem a participação de 391 delegadas e 57 delegados de toda a categoria
Com as presenças do presidente Lula e das ministras Dilma Rousseff e Nilcéia Freire começou nesta quinta-feira, 25, o 2° Congresso das Mulheres Metalúrgicas do ABC.
Lula disse que o 2º Congresso pode marcar uma nova trajetória na vida do Sindicato e das mulheres trabalhadoras porque “muito do que aconteceu aqui (no Sindicato) virou luta e conquista para todo o País. “É importante que o que se discutir e se aprovar aqui seja uma caixa de ressonância para se transformar numa plataforma de luta e de conquistas”, enfatizou.
Num discurso no qual entremeou passagens de sua vida pessoal com a vivência como homem público, Lula disse que sua mulher (Marisa) adquiriu consciência à medida que começou a conviver com o Sindicato. “Foi aí que vi que a predominância não era mais a masculina e isso as mulheres deixaram explícito no Congresso de 1978”, recordou.
Guerra
Ao comentar pesquisa da subseção Dieese que mostra a mulher metalúrgica do ABC com salários médios 53% maior que o das demais metalúrgicas brasileiras, o presidente salientou tratar-se de resultado da luta da categoria e da tradição do Sindicato e que essa luta precisa evoluir para que as mulheres tenham os mesmos direitos que os homens já conquistaram.
“É bobagem acreditar que os homens vão lhes dar mais espaço”, disse Lula se dirigindo à plateia majoritariamente feminina. “Não se trata de fazer uma guerra de gênero, daquela luta feminista dos anos 70 de mulheres contra homens, mas a luta por igualdade”, concluiu.
Sindicato lança campanha por 180 dias de licença maternidade
O presidente do Sindicato, Sérgio Nobre fez o lançamento da campanha "Dá licença, eu quero 180" - pela ampliação da licença maternidade para 180 dias. Ele espera que dentro de três meses todas as trabalhadoras metalúrgicas tenham direito aos 180 dias de licença.
No lançamento foram assinados dois acordos, com a Toledo e a Uniforja. "O Sindicato também está estendendo esse direito às trabalhadoras", avisou.
Sérgio Nobre disse que o 2º Congresso ocorre só agora porque entre 78 e 85 o desafio foi pelo fim da ditadura e que na década de 90, com o neoliberalismo, a luta era para manter o emprego.
"Só a partir de 2003, com o presidente Lula, foram criadas as condições e a partir daí o movimento sindical pôde ter outras pautas".
1º Congresso foi momento de coragem e compromisso
Para ministra Dilma Rousseff é difícil pensar na construção de uma nação sem dar direitos e oportunidades iguais às mulheres
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que as mulheres deram uma prova de coragem e de compromisso com o País ao realizarem o 1º Congresso, em 1978, num momento especial, inserido na luta pela resistência contra à ditadura e pela anistia.
"O Congresso mostrou uma realidade que o País não conhecia. Muitas companheiras, saindo às ruas, adquiriram um sentido de vida. Ela disse que, o mais importante, foi a consciência adquirida sobre a situação das mulheres.
Para a ministra, é difícil pensar na construção de uma nação sem as mulheres terem direitos e oportunidades iguais. Ela lembrou que as mulheres já representam 40,6% do rendimento das famílias e que em 35% dos lares a principal renda vem do trabalho da mulher.
Dilma disse que quem recebe o Bolsa Família é a mulher, É ela que tem a titulação compartilhada nos programas de assentamento e de agricultura familiar e que no programa Minha Casa, Minha Vila a mulher tem preferência na titulação.
"A mulher é capaz de tomar de decisões, de construir entendimentos, a mulher é objetiva e corajosa. Para um País mais justo, com direitos e oportunidades iguais, é importante a participação de vocês, mulheres.
"Somos 52% da sociedade e os outros 48% são nossos filhos. Não há um homem que não tenha saído da barriga de uma mulher. Dizem que temos metade do Céu. Pois queremos metade da Terra com direitos, respeito e oportunidades iguais", comentou.
Por fim, a ministra comentou que é deste 2º Congresso que sairão as próximas lideranças dos metalúrgicos do ABC.
Na manhã desta sexta-feira, 26, o Congresso prossegue com a conferência sobre As mulheres e os espaços de poder e à tarde vão ocorrer quatro oficinas. O encontro encerra com uma plenária amanhã, quando será aprovada a Carta de São Bernardo com as conclusões.