Escrito por Leonardo Wexell Severo
Num clima de afirmação classista, de luta e solidariedade, foi aberto na noite deste domingo, o 9º Congresso da Iniciativa do Sul frente à Globalização pelos Direitos dos Trabalhadores (SIGTUR), rede de Centrais Sindicais do Hemisfério Sul. Com o apoio da CUT, o evento reúne delegados e delegadas dos cinco continentes no Hotel Braston, na capital paulista, até a próxima sexta-feira (23).
Cânticos que remetiam à poesia e ao bom combate entoados por dezenas de sindicalistas australianos e sul-africanos embalaram a noite e fortaleceram convicções. Músicas que lembravam a luta contra o apartheid e a afirmação de direitos, que contavam da dureza do enfrentamento e do compromisso de jardineiros e empregadas domésticas, de generosidade e coletivismo. De socialismo.
Conforme o coordenador do SIGTUR, Rob Lambert, a realização do 9º Congresso em um país como o Brasil, com rica experiência de unidade e mobilização da classe trabalhadora, “potencializa a construção de uma plataforma política comum que una o conjunto das centrais do Hemisfério Sul no enfrentamento à crise provocada pela globalização neoliberal”. “Lutamos pelo empoderamento dos homens e mulheres, pelas demandas locais, e o movimento sindical brasileiro tem dado demonstrações muito significativas, com avanços na ampliação da democracia, do direito e dos salários dos trabalhadores”, acrescentou.
Músicas de luta e solidariedade embalam as delegações
O secretário de Relações Internacionais da CUT, João Antonio Felício, fez uma breve retrospectiva das conquistas obtidas desde a eleição do presidente Lula, sublinhando pontos estratégicos para o desenvolvimento nacional como a política de valorização do salário mínimo, que ampliaram a distribuição de renda, e o fortalecimento do diálogo social, com maiores espaços de negociação com o governo. “É um processo que precisa ter continuidade, para que consigamos aprofundar as mudanças. Nesta disputa de classe, ideológica, enfrentamos a imprensa brasileira, que tem demonstrado ser muito mais um canal de participação e divulgação das ideias da direita, tomando o partido das elites e do capital contra a democracia”, denunciou.
Para João Felício, quando se investe em um evento como o SIGTUR, “onde se estreitam as relações solidárias e de combate ao modelo neoliberal, incorporando contribuições de centrais filiadas à Confederação Sindical Internacional (CSI) e à Federação Sindical Mundial (FSM), se coloca os interesses estratégicos da classe trabalhadora acima de eventuais ações sectárias e isolacionistas”. “Defendemos um processo de integração das lutas como um gesto de auto-defesa do Sul”, frisou.
Representando a Confederação Sindical das Américas (CSA), Rafael Freire destacou que o SIGTUR representa a determinação do movimento sindical de ser cada vez mais organizado, forte e articulado para enfrentar o modelo neoliberal, que aposta na militarização, nas invasões e guerras para manter a dominação do capital sobre o trabalho. “Nas Américas vimos como a ação sindical unitária, somando companheiros da CSI e da FSM, tem ampliado e fortalecido a nossa capacidade de mobilização e de combate em defesa dos direitos dos trabalhadores, dos nossos países e povos. Fortalecer as redes sindicais como o SIGTUR é construir um enfrentamento claro contra esta ordem econômica injusta. Nós não vamos pagar pela crise”, sublinhou.
Em nome do Sindicato dos Mineiros da África do Sul, Karl Cloete enfatizou que “este é um momento crucial para o enfrentamento, uma vez que a crise global do capitalismo quase levou o mundo ao colapso”. “Precisamos por um ponto final na política neoliberal de privatização e desmonte do Estado. O caminho para avançarmos foi apontado por Karl Marx, já que a história de todas as sociedades é a história da luta de classes. Nossa resposta é união e mobilização”, acrescentou.
O secretário de Relações Internacionais da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), Adolfo Aguirre, informou que a entidade decidiu se somar ao SIGTUR no entendimento de que esta é uma articulação fundamental para a afirmação dos interesses da classe trabalhadora a nível internacional.
Entre outras lideranças cutistas, prestigiaram o evento José Lopez Feijó, vice-presidente; Quintino Severo, secretário-geral; Expedito Solaney, secretário de Políticas Sociais; Maria Júlia Nogueira, secretária de Combate ao Racismo; e os diretores executivos Valeir Erle e Antonio Lisboa.
Nesta segunda-feira (19) haverá trabalho em grupo e a plenária para a discussão do programa e do documento base do Congresso.
Fonte - CUT NACIONAL