A estreia da TV dos Trabalhadores aponta para os novos desafios: qualidade de programação e conquista de audiência
Escrito por: Isaias Dalle
“O mais fácil aconteceu até agora”, disse na noite de ontem (24) o presidente Lula, ao discursar na cerimônia de estreia da programação da TVT (TV dos Trabalhadores).
“Tudo começa agora. É agora que nós vamos provar se tínhamos ou não tínhamos razão (...) Se trata agora de convencer o telespectador de que temos qualidade”.
Lula se referia aos 23 anos que separam o primeiro pedido de concessão de um canal de TV, feito pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e pela CUT, e o início das programações, na noite de ontem.
Na opinião do presidente - que era deputado federal à época do primeiro pedido de concessão pública e ajudou a encaminhá-lo - a despeito de todas as dificuldades do processo -, o mais difícil vem pela frente.
Para ele, a qualidade da programação deve seduzir o telespectador. Mas, acrescenta, “não a qualidade que interessa ao jornalista que está falando, mas a que interessa à maioria da sociedade”.
“A estreia da programação desta TVT é, como tantos outros episódios da luta dos movimentos sociais e sindical, uma derrota dos preconceitos”, destacou o presidente nacional da CUT, Artur Henrique, que falou em nome das centrais sindicais
“Preconceitos como o de que sindicalistas não saberiam governar, de que trabalhador não conseguiria fazer comunicação, de que não saberia gerir empresas estatais, de que não poderia eleger um operário presidente da República”, disse Artur.
O dirigente responsável pela TVT, o metalúrgico Walter Sanches, demonstrou otimismo. Afirmou que a emissora vai procurar refletir todos os segmentos da população que não encontram espaço na mídia tradicional.
O presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, apontando para os próximos anos, afirmou que o desafio é “tornar a TVT uma rede nacional e líder de audiência”.
Um dos pontos altos da programação de estreia foi a homenagem a Elizeu Marques da Silva, o pioneiro da TVT, um companheiro que registrava em imagens as principais manifestações dos trabalhadores nas décadas de 1970 e 80, antes mesmo de o Sindicato ter estrutura técnica.
“Isso que vivemos hoje é uma conquista como foi a criação de nosso partido, como foi nossa Central Única e a eleição do Lula”, disse Eliseu, visivelmente emocionado”.