Bancários param porque banqueiros, donos do setor mais lucrativo da economia brasileira, não pagam aumento real de salário, PLR e piso maiores nem negociam melhores condições de trabalho e de atendimento aos clientes
São Paulo - Cerca de 2 mil bancários reunidos em assembléia na noite de terça 28 decidiram paralisar as atividades por tempo indeterminado. Os trabalhadores votaram pela greve a partir de quarta 29 diante do descaso dos banqueiros com as exigências da categoria.
Após um mês e cinco rodadas de negociação, os representantes da federação dos bancos (Fenaban) apresentaram, no dia 22 de setembro, proposta rebaixada de reajuste de 4,29%, ignorando as reivindicações por aumento real de salário, PLR maior, valorização do piso e por melhores condições de trabalho.
“Apostamos na negociação, mas o descaso dos banqueiros com seus empregados ficou evidente nas rodadas em que os integrantes da Fenaban só disseram ‘não’ às necessidades dos trabalhadores”, destaca a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. “O mesmo desrespeito que atormenta a categoria todos os dias do ano. Essa greve também é para mudar a lógica nos locais de trabalho”, afirma Juvandia, ressaltando as milhares de denúncias que chegam ao Sindicato, de bancários que não suportam mais os baixos salários, a rotina massacrante, o adoecimento decorrente da pressão insuportável pelo cumprimento de metas abusivas, o assédio moral. Tudo isso no setor que mais lucra na economia brasileira.
“Os bancos viram o lucro crescer mais de 28% somente no primeiro semestre deste ano. Mas não querem pagar salários maiores, melhorar as condições de trabalho e de atendimento à população. Por isso estamos exercendo nosso direito legítimo de greve”, diz Juvandia. “Mas não é o Sindicato que faz greve sozinho. Somos 135 mil em São Paulo, Osasco e região, mais de 460 mil em todo o Brasil. Quanto mais pararmos, mais força teremos para arrancar dos banqueiros acordo melhor que o do ano passado”, completa a presidenta do Sindicato.
Mobilização - Nesse primeiro dia de greve os trabalhadores devem fortalecer o movimento e ampliar a paralisação pelos locais de trabalho.
O Comando de Greve, integrado por dirigentes do Sindicato, da Fetec-CUT/SP, da Contraf-CUT, cipeiros e delegados sindicais da Caixa Federal e do Banco do Brasil, fará reunião nesta quarta-feira 29, às 15h, no Auditório Azul do Sindicato (Rua São Bento, 413, Martinelli).
Passeata - Na quinta 30 os bancários vão fazer uma grande passeata pelas ruas do Centro Velho de São Paulo. A concentração será às 16h na Praça do Patriarca.
Assembleia - A paralisação dos bancários prosseguirá até que uma proposta decente seja apresentada pelos banqueiros. Uma nova assembléia na sexta-feira 1º de outubro, às 16h, vai avaliar os rumos do movimento. Na Quadra dos Bancários (Rua Tabatinguera, 192, Sé).