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Em entrevista, o presidente Artur Henrique comenta como a 13ª Plenária pode ajudar a sociedade

03/10/2011

Escrito por: CUT Nacional

Em entrevista, o presidente Artur Henrique comenta como a 13ª Plenária pode ajudar a sociedade Escrito por: Isaías Dalle

Nesta terça-feira (04) tem início a 13ª Plenária Nacional da CUT. Qual o objetivo do encontro?
Artur: A Plenária Nacional é um momento muito importante para a CUT. Se não tivéssemos feito outras 12 Plenárias ao longo dos últimos trinta anos, nossa Central não seria democrática como é. Numa Plenária,reúnem-se dirigentes sindicais e militantes do Brasil inteiro, de todas as categorias e de todos os ramos de atividade em que atuamos - comércio e serviços, indústria, trabalhadores rurais, agricultura familiar, trabalhadores do serviço público, trabalhadores do setor financeiro, terceirizados, enfim, todos os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.

Nesse encontro, todas essas pessoas trazem informações e experiências do seu dia-a-dia, e propõem formas de agir para mudar a realidade do País, para fazer com que, através do trabalho de nossos sindicatos de base, nas cidades e nos Estados, a gente consiga interferir nos destinos e nas decisões com o objetivo de combater as injustiças e diminuir a pobreza no Brasil. Os meios para conseguir isso são a geração de empregos formais, com carteira assinada e os direitos todos, e forçar os capitalistas, os donos do dinheiro, a ceder e repartir os ganhos que na verdade somos nós, os assalariados e todos aqueles que vivem apenas de sua força de trabalho, que conseguem para o Brasil.

E como esses debates que vão acontecer na Plenária podem ajudar os trabalhadores e trabalhadoras que estão na correria diária, e muitas vezes nem têm tempo de saber o que a Plenária decidiu?
Artur: Num encontro como a Plenária, todos os participantes estão na correria diária, quer dizer, são pessoas que foram eleitas por seus pares, nos sindicatos de base, e conhecem a realidade de suas categorias porque trabalham ou trabalharam nos mesmos lugares de quem os elegeu. Esses brasileiros que foram escolhidos por suas categorias são eleitos como delegados para defender as reivindicações do chão de fábrica, das repartições públicas, dos hospitais, dos cartórios, das agências bancárias, das universidades, dos jornais, enfim, de todos os locais de trabalho onde o movimento sindical CUTista atua.

Mas não é só isso. Nossos sindicatos também conhecem a realidade das pessoas que dependem do serviço que cada um de nós faz. Um paciente num hospital, um cliente numa fila de banco, uma dona de casa que precisa comprar verduras e legumes, uma passageira que precisa do transporte público, uma jornalista que precisa trabalhar à vezes mais de 12 horas por dia para conseguir fechar sua matéria, um cidadão que tem medo por falta de segurança pública e precisa colocar um cadeado em seu portão, ou uma criança que vai à escola para se alfabetizar e se formar como cidadão.

O que quero dizer é que a CUT e seus sindicatos não pensam apenas no salário e nos direitos de seus representados, mas também na melhoria dos serviços que todo mundo precisa. Aliás, todos são trabalhadores. Na condição de consumidores, usuários do serviço público ou alunos, todos fazem parte de uma mesma classe social. A CUT atua para melhorar a vida de todos.
Por causa disso a CUT também formula propostas amplas para mudar as políticas públicas.

Ok, mas como isso chega até a realidade das pessoas?
Artur: Antes de mais nada, quero lembrar que muitas pessoas vão saber, sim, o que acontece em nossa Plenária, porque os meios de comunicação de nossos sindicatos vão transmitir as principais resoluções que vamos tomar, e nossos militantes vão debatê-las com seus companheiros e companheiras nos locais de trabalho.

Outra coisa importante: quando a Plenária reúne todas essas experiências trazidas por quem está na base, a CUT formula formas de ação que vão ter influência nas grandes decisões políticas e econômicas do Brasil.

Cite alguns exemplos.
Artur: Vamos falar de acontecimentos mais recentes. Em 2008, quando a crise econômica internacional bateu às portas do Brasil, houve uma central sindical que, em conjunto com uma das maiores entidades patronais do Brasil, decidiu propor a redução dos salários dos brasileiros para, segundo essa central, evitar o que previam como 15 milhões de demissões. Uma bobagem, um peleguismo sem par. Por que aquela central tomou uma iniciativa desse tipo? Porque não existe democracia por lá, não existe um debate como esse que vamos fazer em nossa 13ª Plenária. A realidade do cotidiano de quem está na base não é levada em conta lá como é aqui. Na CUT é diferente, aqui temos coerência. A importância desse debate de nossas Plenárias é essa: tomamos decisões conjuntas, bem fundamentadas, e isso orienta nossas ações, tanto na Direção Nacional da CUT quanto nos sindicatos de base. Assim, temos firmeza de princípios e não vacilamos na hora de irmos às ruas para defender o direito dos trabalhadores e trabalhadoras.

Ainda sobre 2008: fomos coerentes, respeitamos o debate interno e fomos contra o acordão proposto pelos pelegos e pelos empresários. Com isso, ajudamos, e muito, o Brasil a escapar da crise e aumentar o número de empregos, sem redução de salários.

Como agora, em 2011, quando denunciamos a manobra dos empresários e de parte do governo que tentaram dizer que aumento de salário ia fazer a inflação explodir. Se a CUT não está atenta, coesa, a mentira ia se propagar.

Daqui pra frente, quais os maiores desafios da CUT?
Artur: O Brasil está muito bem economicamente, se comparado à letargia dos países da Europa e os Estados Unidos. Precisamos dizer para a sociedade que isso não é milagre, mas resultado da ação dos trabalhadores organizados pelo movimento sindical, e sem dúvida nenhuma pela CUT, principalmente.

Porém, a distribuição de renda não vai bem. Ainda temos muitos pobres no Brasil - 17 milhões estão abaixo da linha da miséria. Muitos que têm trabalho estão na informalidade. Os jovens, as mulheres, os negros, as minorias, ainda são discriminados.
Nossa luta é para mudar isso.
Por isso, estamos priorizando a luta por reformas estrutrantes.

Quais?
Artur: A reforma política, para acabar com essa história de empresas e bancos financiarem campanhas eleitorais. Precisamos aprovar, entre outros pontos, o financiamento público exclusivo, para deter a corrupção e impedir que só aqueles que têm poder econômico sejam eleitos, e abrir mais espaço para candidatos do povo.

A reforma tributária é outra. Queremos a mudança para que quem ganha menos, os trabalhadores, passem a pagar menos impostos, e os ricos, que hoje pagam menos que os assalariados, passem a pagar mais.
A CUT costuma dizer que é preciso também mudar a estrutura sindical.

Artur: Sim, precisamos acabar com o imposto sindical, e substituí-lo pela contribuição sobre a negociação coletiva, que só será cobrada se os trabalhadores a aprovarem em assembleia democrática. Se fizermos isso, vão desaparecer os sindicatos que não fazem nada, e vamos fortalecer aqueles que de fato ajudam os trabalhadores e trabalhadoras a conquistar mais direitos e a manter os direitos já existentes.

A CUT inclusive vai lançar nessa Plenária uma campanha em defesa da liberdade e autonomia sindicais. Como será?
Artur: Essa campanha já existe desde 1983, quando a CUT foi criada. Meu sindicato, o Sinergia-SP, foi o primeiro do Brasil a abrir mão do imposto, a despeito da legislação vigente. Graças a isso, o sindicato cresceu e ficou muito mais representativo.

Só que agora a CUT vai fazer uma campanha que vai incluir comerciais de TV, anúncios de revista e jornal e novas ações na base. Eu espero que isso saia logo das intenções e vire realidade, ou seja, que se apresentem peças publicitárias e ações práticas na base de representação da CUT.

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