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06/03/2013
Somos milhares de mulheres que cumprem um papel importante na sociedade brasileira. Esse papel perpassa todo nosso cotidiano, nas relações de trabalho, na nossa organização sindical e na fundamental importância de organização e afeto da vida familiar.
A visão feminina da sociedade sempre esteve ligada à figura de “cuidadora” ou de “protetora” do lar. Essa premissa parte do princípio de que cuidar das pessoas é trabalho para a mulher.
Pesquisa do DIEESE, de 2010, sobre a mulher no mercado de trabalho indica que existem 1.215.568 mulheres em funções na seguridade social contra 425.352 homens, significando 74,1% de postos ligados à previdência, saúde e assistência social, porém, não significando dizer que ocupamos os melhores cargos e salários.
Estamos presentes nos hospitais, sejam eles públicos ou privados, cuidando de vidas desde o seu nascimento até o seu óbito.
Estamos nas tribos indígenas, ensinando, aprendendo e cuidando da saúde dessa classe social.
Somos agentes comunitários de saúde onde entramos nas casas das pessoas para orientar e ajudar no melhor trato com a saúde. Viramos então agentes de endemias onde fazemos o controle de vetores, orientando na prevenção de doenças como dengue, malária, etc..
Somos trabalhadoras do INSS, atendendo a população no que se refere à aposentadoria, nos seguros saúde, etc.
Estamos inseridas nos CRASs (Centros de Referência em Assistência Social) prestando um trabalho de assistência às famílias vulneráveis e em risco social.
Enfim, estamos em todos os espaços de prestação de serviços que envolvem as políticas públicas de proteção social.
A ideia de proteção social esta intimamente liga a figura feminina. Porém, apesar do desenvolvimento do país em vários setores e da retirada de famílias de situações vulneráveis, esse trabalho não vem tendo reconhecimento na medida em que os governos não têm política de valorização tais como: carreira, remuneração adequada, direito a negociação coletiva no setor público, etc.. sem contar com a truculência dos empresários do setor privado revestida de preconceitos e violência contra as mulheres.
Muitas vezes me pego refletindo sobre essa condição desumana de desvalorização do papel da mulher na sociedade e me pergunto: será que isso acontece porque somos majoritariamente femininas e, por isso, a desigualdade de gênero é uma estratégia para que não percebamos nosso poder? Será que a natureza do nosso trabalho, de cuidar do bem mais precioso que é a vida e, com isso, também da classe trabalhadora, nos coloca numa situação menos importantes no mercado de trabalho ocasionando o desrespeito profissional?
O fato é que nós mulheres temos o grande desafio de nos contrapor à essa política machista da sociedade que nos vê somente como provedoras e não como argumentadoras, propositoras e capaz de intervir na realidade e transformá-la.
Precisamos lutar por essa mudança a partir de nossa organização sindical onde somos a maioria sindicalizadas, que se mobilizam, participam das greves, dos debates políticos, mas, nem por isso estamos nos cargos de comando da entidade.
Temos o grande desafio de mostrar para todos que apesar de termos a dupla jornada onde temos que trabalhar dentro e fora de casa, cuidar de nossa família, estamos nos capacitando, investindo na nossa formação, para melhor intervirmos nesse atual modelo de sociedade e de organização sindical.
Nosso objetivo é fazer valer a paridade no movimento sindical e, não tenho dúvidas que as mulheres da seguridade social estão preparadas para mais essa batalha, porque somos guerreiras na vida, no trabalho e na sociedade.
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