Os números de delegados e delegadas serão divulgados amanhã à tarde - um levantamento preliminar aponta 45% de participação das trabalhadoras, crescimento sensível em relação aos últimos encontros -, mas aqueles que já participaram de outros encontros e dão uma breve passada de olhos pelo auditório do Centro de Municipal de Educação Adamastor, onde a CUT realiza a 13ª edição de sua plenária nacional não tem dúvidas de que aumentou a quantidade de trabalhadoras presentes,
Esse novo quadro é fundamental para colocar em prática a democracia com respeito a igualdade que a Central defende, conforme observa a Secretária de Mulheres da CUT-RS, Mara Feltes. “Se não estivermos nos espaços de poder, disputando as políticas públicas, enfrentando a desigualdade, não conseguiremos materializar as propostas de igualdade que defendemos em nossa plataforma”, comenta.
Para isso, aponta ela, é preciso pressionar o Estado para que disponibilize equipamentos como creches em período integral e lavanderias públicas. “Precisamos disso não apenas para facilitar nosso ingresso no mercado de trabalho e dividir as responsabilidades familiares, mas também para que possamos ter qualidade de vida, estudar, nos divertirmos”, acrescenta.
Mais creches
Dois dos assuntos comentados por ela serão temas de publicações que a CUT lançará ainda neste noite: uma cartilha sobre creche e outra sobre a Convenção 156 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que trata da igualdade de oportunidades e de tratamento para trabalhadores e trabalhadoras com responsabilidades familiares.
Presidenta da Contracs (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços), Luciene Binsfield, a Tudi, comprovou na prática a importância de um espaço para cuidar das crianças nesta edição da plenária, primeira em que participa ao lado do filho Pedro Henrique, de oito meses. “Antes de eu ter o Pedro colocava a mochila nas costas e me mandava sem hora e dia e rodava o Brasil para construir a luta. Agora que eu tenho esse pequeno ser sob minha responsabilidade, a prioridade é sempre ele. Não quero sair dessa fileira da paridade nos espaços, mas tenho essa preocupação e me sinto muito mais segura tendo ele por aqui”, explicou.
De acordo com a dirigente, um fator essencial para o crescimento da participação das trabalhadoras foi a lei de cotas de gênero que passou a garantir o mínimo de 30% de participação por gênero nos cargos de direção e em atividades oficiais da CUT. “É uma luta permanente das mulheres, tanto da secretaria nacional de Mulheres, quanto dos ramos e sindicatos para fazer valer a cota que hoje é 30%, mas já inicia-se um processo de busca pela paridade, ou seja, 50%.”
Verdadeira paridade - Além de aumentar o índice, acredita Tudi, é necessário fazer com que as trabalhadoras também ocupem os principais postos de direção. “Eu estou presidenta de uma confederação, mas observamos que são poucas as presidentas ou que ocupam cargos como a tesouraria e a secretaria geral. É algo que vamos buscar, que em ao menos um dos três cargos principais sempre exista uma mulher.”
A Secretária de Mulheres da CUT-SP, Sônia Auxiliadora concorda com a tese, mas destaca a necessidade de ampliar o investimento também na formação das lideranças. “Precisamos interferir ainda nos espaços de formação, que ainda são voltados para uma visão masculina. Precisa haver uma mudança de para que a participação das mulheres ocorra com qualidade.”