O crescimento econômico do país nos últimos anos vem trazendo mudanças significativas para o mercado de trabalho, uma tendência que transcende o aumento da renda e da taxa de ocupação.
Para atingir níveis de eficiência mais elevados, o mercado tem demandado mais qualificação profissional, resultando em um fenômeno de envelhecimento da mão de obra.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que as pessoas com mais de 50 anos representam hoje 4,7 milhões da população ocupada, uma alta de 80% nos últimos oito anos. Em contrapartida, nesse mesmo período, o número total de brasileiros empregados cresceu apenas 22%, totalizando 93 milhões de pessoas.
"As pessoas que possuem hoje mais de 50 anos enfrentam um cenário bem mais favorável que o da década de 80 e 2000, período em que passaram por sérias crises de desemprego", explica o economista Anselmo Luis dos Santos, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
"Muitas dessas pessoas, que ficaram desempregadas na época se inseriram na informalidade e abriram negócios próprios. Com mais experiência, elas voltaram para o mercado formal e conseguem emprego com mais facilidade que os jovens de 20 a 30 anos de hoje", complementa.
A revolução tecnológica, que informatizou o ambiente de trabalho em praticamente todos os setores da economia, poderia ter privilegiado a mão de obra mais jovem, que é geralmente familiarizada com o uso dos computadores.
Para não perder o profissional bem qualificado, muitas empresas brasileiras acabam recontratando seus funcionários já aposentados.
"Há casos em que a empresa possui cláusulas de desligamento automático quando a pessoa atinge a idade para a aposentadoria, mas firmam um contrato de prestação de serviços, como consultoria, para segurar o trabalhador na companhia", diz Nogueira.
A alternativa pode ficar até mais barata para a contratante. "A corporação mantém o salário, mas gasta menos com encargos", esclarece.
Outro fenômeno que tem influenciado o envelhecimento da força de trabalho brasileira é o grau de dependência dos jovens em relação aos pais.
"Muitos acabaram estendendo o tempo de permanência com os pais. Estes, por sua vez, tiveram de permanecer no mercado para sustentar a família", destaca Santos.