29 de novembro é Dia Internacional de Solidariedade ao povo palestino. “Stop the Wall” e CUT organizam ações conjuntas
Escrito por: Leonardo Severo
Neste 29 de novembro, Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, reproduzimos matéria sobre a recente visita à sede nacional da CUT da ativista italiana Maren Montovani, que vive há cinco anos na cidade de Ramalah, na Cisjordânia.
Integrante da organização em defesa dos direitos humanos do povo palestino “Stop the Wall” - entidade que luta contra a construção do muro do apartheid de Israel - e relações internacionais da BDS (Boicote, Desinvetimento e Sanções) - movimento que congrega centrais sindicais e movimentos populares contra a ocupação israelense -, Maren Montovani foi recebida pelo secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício.
Na oportunidade, o professor João Felício reiterou a condenação histórica da Central à ocupação colonial e racista dos territórios palestinos, bem como aos inúmeros atropelos de Israel às resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU), sublinhando o apoio ao direito inalienável do povo palestino à auto-determinação e ao retorno dos refugiados, como expresso no 9º Concut.
Destacando a identidade com a determinação do povo palestino em sua luta por soberania, João Felício manifestou a solidariedade da CUT contra a construção do muro que retalha o território árabe e em repúdio à multiplicação dos assentamentos de Israel e ao cerco ilegal e desumano à Faixa de Gaza.
Maren agradeceu o apoio e denunciou com inúmeros exemplos a política de terrorismo de Estado e segregação levada a cabo pelos sionistas, que mantêm mais de sete mil palestinos presos - entre eles adolescentes e crianças -, do roubo da maior parte da água e da quase totalidade das terras férteis por Israel e de todo tipo de arbitrariedades cometidas pelos ocupantes. A multiplicação dos check-points, as mais de 600 barreiras militares israelenses que tornam impossível a locomoção por terras palestinas, é uma entre tantas violações que transformam trajetos de minutos numa verdadeira odisseia.
A ativista sublinhou o significado da solidariedade da CUT e de todo o povo brasileiro contra o muro segregacionista erguido por Israel, bem como suas políticas “que lembram o regime nazista”. “A mesma empresa que constroi o muro do apartheid contra os palestinos, informou, é a que ergue a muralha que separa os Estados Unidos do México. Daí a importância de termos ações dos movimentos sindical e social articuladas internacionalmente”, frisou. Ela lembrou do êxito da mais recente campanha de boicote contra produtos made in Israel, que conseguiu chamar a atenção da opinião pública mundial ao bloquear importantes portos como o da África do Sul, Suécia, Noruega, Índia e até mesmo o de San Francisco, nos EUA.
O fato do Brasil se somar a um boicote a produtos israelenses - já que é o terceiro maior consumidor de armas de Israel e com algumas produções conjuntas no setor armamentista -, ponderou Maren, tende a fazer com que uma eventual adesão à campanha de boicote, desinvestimento e sanções contra o país sionista tenha grandes repercussões. “O regime israelense sente sempre quando é pressionado no bolso. É o dinheiro que o faz reagir. Daí a relevância de uma campanha de solidariedade que levante questões como a não-assinatura ou rompimento com os Tratados de Livre Comércio (TLCs) com Israel”.
A ativista italiana convidou a CUT a organizar uma delegação sindical para se fazer presente na Palestina no dia 30 de março de 2011, quando é lembrado o Dia da Terra - data em que houve um confisco massivo das terras mais férteis por Israel. Conforme Maren, o peso e a representatividade nacional e internacional da CUT tornam toda e qualquer ação da central brasileira em repúdio e condenação à política segregacionista israelense, “muito significativa”.
Ao final da reunião, João Felício disse que, com base nas novas informações e no agravamento da crise humanitária, a CUT vai ampliar a mobilização para o cancelamento do Acordo de Livre Comércio com Israel, bem como exigir o fim do comércio de armas com aquele país.
Ao mesmo tempo, o dirigente cutista defendeu que é hora de ampliar as relações bilaterais entre as organizações para que os trabalhadores e a sociedade brasileira se mantenham informados sobre a realidade da ocupação e em permanente luta contra a injustiça. Entre as propostas apresentadas, está a de que os professores brasileiros debatam durante um dia no ano sobre a situação desumana a que os palestinos vêm sendo submetidos.
“A delegação palestina, junto com a cubana, é sempre uma das mais aplaudidas nos congressos da CUT. Estreitar as relações com o povo palestino é um sentimento solidário que está muito presente na nossa base e na sociedade brasileira. Lutamos para que todos os povos do mundo tenham direito à sua soberania e auto-determinação, sem o que não há liberdade”, concluiu João Felício, aceitando o convite para visitar o país ocupado.