Anastasia reforça estrutura autoritária em Minas Gerais
Com lei delegada nas mãos, Anastasia promove o compadrio no secretariado e, apesar do aumento da arrecadação, não quer reajustar salários dos servidores
Em menos de uma semana de gestão, o tucano Antônio Anastasia já deixou claras suas intenções à frente do governo de Minas Gerais. Com um secretariado que é um verdadeiro “trem da alegria” para acomodar 19 partidos aliados e garantir a aprovação de todos seus projetos na Assembleia Legislativa, ele valoriza, como o seu antecessor Aécio Neves, o compadrio e não a competência.
Anastasia reforça a estrutura autoritária imposta em Minas Gerais nos últimos oito anos, com a política de estado mínimo, repressão aos movimentos sociais e sindical e, principalmente, o desprezo ao funcionalismo público. O descaso ficou evidenciado nas declarações dos secretários de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, e da Fazenda, Leonardo Colombini. Os dois anunciaram que o governo do Estado superou as expectativas e conseguiu aumentar a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para R$ 26,3 bilhões em 2010, valor é 17,9% superior ao contabilizado no ano anterior. No entanto, afirmaram que não está previsto qualquer reajuste para os servidores públicos. Pelo contrário, o governo acena com cortes e ajuste fiscal. Ou seja, um novo choque de gestão.
Por outro lado, lastreado pela Lei Delegada aprovada numa Assembleia subserviente e que abdicou de sua função legislativa, o governo estadual criou uma Secretaria de Trabalho, que não necessariamente deveria ter à frente um sindicalista, mas pelo menos alguém com trânsito no meio sindical. No entanto, as perspectivas, mesmo com a nova pasta, continuam as mesmas: a falta de diálogo, a repressão ao movimento sindical e a judicialização das relações entre capital e trabalho, tão ao gosto do tucanato. E outras duas leis delegadas estão a caminho, para a criação de novos cargos e mais nomeações de apaniguados. Anastasia despreza o debate, seja com o Legislativo, seja com a sociedade. Antidemocraticamente, quer governar sem oposição, impondo, a exemplo do seu criador, mais um choque de gestão no governo do Estado.
A Central Única dos Trabalhadores, juntamente com seus sindicatos filiados e os movimentos sociais, seguirá combatendo as práticas autoritárias e antissindicais do governador, exigindo o diálogo permanente e o respeito aos direitos da classe trabalhadora e ao exercício da democracia e da cidadania em Minas Gerais.