Escrito por: Paula Brandão e André Accarini
Reunida em São Paulo nesta terça-feira (17), a direção Executiva Nacional da CUT teve como contribuição ao debate de conjuntura um estudo sobre salários, apresentado pelo Dieese.
Na última semana, a velha mídia e alguns setores do mercado financeiro têm insistido em argumentar que o aumento dos salários é fator determinante para a inflação, o que tem reforçado a opinião da equipe econômica do governo.
A técnica da subseção Dieese-CUT Nacional, Patrícia Pelatieri, apresentou o estudo, com dados que revelam que o aumento da inflação tem outras origens. Segundo Patrícia, entre as principais causas estão os itens sazonais, entre eles, despesas tradicionais de início de ano, como materiais escolares e outros gastos com educação em instituições particulares, impostos, além do aumento dos combustíveis e do preço das commodities.
Citando como exemplo os combustíveis, a técnica diz que o próprio governo percebeu que o aumento estava impulsionando a inflação e por isso tomou medidas para um ajuste de preços.
Um dos principais índices de cálculo da inflação no Brasil, o IGPM, - Índice Geral de Preços do Mercado - utilizado pelo mercado no reajuste de preços e tarifas, segundo Patrícia, é um índice “esquizofrênico”, pois tem como base as vendas de atacado, varejo e construção civil.
O estudo apresenta resultados positivos de negociações salariais em 2010: 95,7% dos acordos feitos no ano passado chegaram a aumentos reais ou reposições salariais satisfatórias. Também em 2010, o crescimento da renda dos trabalhadores com carteira assinada foi de aproximadamente 2,6%, com recorde na geração de empregos formais.
Os dados também demonstram que houve aumento de consumo no ano passado. A projeção para 2011 é de um crescimento em potencial da economia, da ordem de 4,5%, com geração de emprego e estabilização das taxas de desemprego em relação ao ano anterior.
A conclusão é que se em 2010 não houve um aumento de inflação com o aumento de renda e consumo, o mito de que o salário será o responsável pelo crescimento das taxas este ano é absurdo.
Ela lembra que as reposições salariais, com ou sem ganho real, são baseadas em índices passados e não sobre projeções, ou seja, o que o trabalhador conquista como aumento de salário, na verdade tem como referência períodos anteriores.
Para Quintino Severo, secretário-geral nacional da CUT, a especulação é o verdadeiro vilão. “É a especulação de mercado que provoca a inflação e quem paga a conta é o trabalhador. O salário é vítima da inflação. A CUT não aceita qualquer tentativa de impor aos trabalhadores a responsabilidade pelo aumento da inflação”.
Quintino finalizou com um informe de que as centrais estão unificadas no repúdio ao uso da inflação para deter os reajustes de salários.
(clique aqui para ler nota conjunta das centrais).
17.05 Centrais repudiam.pdf