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27/07/2012
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) quer mudar as regras de reajustes de planos coletivos empresariais com menos de 30 beneficiários. A ideia é fazer com que as operadoras de saúde agrupem todos os contratos pequenos como se fossem um único para diluir o valor de reajuste entre eles, evitando distorções.
Atualmente, o cálculo de reajuste desses planos é feito individualmente para cada contrato e tem como base o índice de sinistralidade – o que, em caso de uso, provoca reajustes muito altos.
Foi o que aconteceu com a corretora de seguros Lilian Bernardo Guardino, de 33 anos. Ela adquiriu um plano empresarial com o marido e a filha em 2009.
O problema foi que, pouco tempo depois, Lilian foi diagnosticada com linfoma e teve de fazer uma série de exames caros, além de quimioterapia, radioterapia e até cirurgia. Um ano depois veio a surpresa: o reajuste foi de 49,93%. Doente, Lilian teve de aceitar o valor imposto porque não conseguiria mudar para outra operadora de saúde por ter uma doença pré-existente.
Um ano depois, nova surpresa: reajuste de novo de 49,98%. E mais uma vez Lilian e o marido aceitaram pagar o valor porque não podiam parar o tratamento no meio. “Eu não queria manter o plano, mas eu precisava. Fui obrigada, infelizmente, a continuar por causa da doença.”
Na terceira renovação do contrato, Lilian recebeu uma carta da operadora de saúde anunciando que romperia o contrato, sem explicações. “Fiquei desesperada. Nenhuma operadora me aceitaria por causa da doença”, diz.
Depois de várias reclamações, a operadora decidiu manter o plano de Lilian, mas ela pretende mudar para um plano familiar particular assim que completar 5 anos livre da doença. “Nunca mais faço plano de pessoa jurídica. É muito abusivo”, afirmou.
Crescimento. Os planos coletivos com menos de 30 pessoas representam 86,25% dos contratos de planos do País. Juntos, somam cerca de 2 milhões de usuários, o que representa 11,73% do total de beneficiários. Existem, por exemplo, 94.696 pessoas em contratos de apenas duas vidas.
Segundo Rosana Neves, gerente geral econômico financeiro e atuarial dos produtos da ANS, o número de beneficiários de planos coletivos está aumentando mais rápido do que o de planos individuais e foi isso que motivou a agência a discutir o tema.
Dados da ANS demonstram que entre 2000 e 2010 houve um crescimento de 364,4% no número de beneficiários de planos coletivos contra um aumento de 169,7% nos planos individuais.
“As pessoas procuram os planos empresariais atraídas pelo preço mais baixo. Mas qualquer utilização elevada traz um grande reajuste porque a massa de beneficiários atrelada é muito pequena para diluir o uso”, diz.
Outro problema desses contratos com menos de 30 vidas é que ao ser encerrado unilateralmente, os beneficiários são obrigados a cumprir novas carências para fazer um novo contrato. “O reajuste abusivo é um dos principais itens de reclamação e muitas são de beneficiários atrelados a pequenos contratos”, diz.
Para o advogado Julius Conforti, a iniciativa da ANS é boa, mas só a prática vai demonstrar se ela é realmente efetiva. “Não há dúvidas de que existe a necessidade de mudanças. Ninguém tem condições de arcar com reajustes na ordem de 50% todos os anos. A ANS está certa de experimentar esse modelo”, avalia.
Em nota, a FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), que os 15 maiores grupos de operadoras de saúde, afirma que suas associadas já praticam o conceito de reajustar grupos semelhantes.
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