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Mais da metade das infecções pediátricas é causada pelo HIV, informa Correio Braziliense

23/07/2012

Segundo o jornal, o leite materno é a principal fonte de nutrição e proteção imunológica do recém-nascido, tendo sido capaz de prevenir 15 milhões de óbitos em uma única década.

Escrito por: Correio Braziliense

No entanto, a transmissão do HIV pela amamentação também é responsável por mais da metade do volume de novas infecções pediátricas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que seja considerada a modificação das práticas atuais para prevenção da transmissão vertical do HIV. Confira a matéria:



A duplicidade na ação do leite materno de gestantes portadoras do vírus desafia a comunidade médica mundial a buscar novas estratégias para o uso mais efetivo da medicação antirretroviral. A preocupação de impedir completamente a transmissão do vírus ao bebê é um dos principais temas discutidos na 19ª Conferência Internacional de Aids 2012, que começa hoje, em Washington DC, nos Estados Unidos.

A transmissão vertical também foi o tema de destaque da última edição da revista especializada Science Translational Medicine. Philippe Van de Perre e sua equipe mostraram que a existência de reservatórios de HIV no leite materno pode ajudar a entender os fatores que influenciam a transmissão do vírus da mãe para o feto.

Segundo o pesquisador da universidade francesa de Montpellier, mulheres com respostas bem-sucedidas à terapia antirretroviral e taxas indetectáveis de HIV no plasma sanguíneo e no leite materno não podem ser consideradas livres do HIV replicante, que transmite o vírus ao bebê.


Ainda que a terapia resulte em uma grande queda na presença do HIV, células que carregam secretamente o vírus podem ser detectadas em todas as mulheres infectadas, até mesmo aquelas tratadas com a medicação adequada. "Essas células podem ser as responsáveis por uma transmissão viral residual de mãe para filho", afirma o artigo. Dessa forma, a equipe sugere que novas abordagens de terapia profilática são necessárias para prevenir a transmissão de HIV a crianças durante a amamentação.

A busca por uma estratégia de prevenção efetiva é o objeto de um estudo conduzido pela professora de medicina da divisão de HIV da Universidade da Califórnia (EUA) Monica Gandhi, em conjunto com profissionais da Universidade de Makerere, na Uganda. Os pesquisadores querem entender a quantidade de medicação antirretroviral no organismo do bebê e o momento em que ele foi exposto, se na gestação e/ou durante a amamentação. Para isso, os cientistas analisaram amostras de cabelo e do plasma sanguíneo de crianças de 3 meses de idade, nascidas e amamentadas por mães soropositivas. Eles perceberam que dois dos medicamentos tomados pelas gestantes foram transferidos aos filhos somente pela placenta, e um terceiro por meio também da amamentação.


Um nível único de plasma sanguíneo é capaz de refletir a exposição à droga ao longo de aproximadamente 24 horas, enquanto a amostra de cabelo revela a exposição por todo o mês anterior. A partir dos fios, é possível examinar a exposição antes do nascimento da criança. Os bebês no grupo das gestantes que receberam o antirretroviral Lopinavir registraram o equivalente a 87% dos níveis da droga encontrados no cabelo de suas mães. Os índices de Ritonavir - antirretroviral que tem o uso associado ao Lopinavir - foram cerca de 45%. No entanto, quando as amostras de sangue foram estudadas, os níveis nos exemplares das mães estavam como esperado, mas nada foi encontrado na concentração plasmática dos bebês.

A incapacidade de encontrar drogas no sangue dos bebês, mas, sim, nas amostras de cabelo, indica que não houve uma exposição recente. Sendo assim, a amamentação não transferiu as drogas para as crianças. As duas medicações, na verdade, foram passadas ainda no útero. "Talvez esse resultado nos mostre que, para conseguir proteção, não precisamos que o bebê seja exposto a tanto Lopinavir, por exemplo, durante a gravidez, ou ainda que devêssemos usar outro agente. Essa transferência muito alta durante a gravidez pode levar a efeitos tóxicos." No caso da terceira droga analisada, Efavirenz, os registros nas mechas de cabelo era cerca de 40% do encontrado nas das mães, e os níveis no sangue foram de aproximadamente 15%, demonstrando uma transferência moderada, tanto no útero quanto durante a amamentação. Gandhi afirma que uma das conclusões possíveis é que talvez não se deveria usar o Efavirenz durante a amamentação, pois a transferência é moderada. É possível que, se o bebê for infectado, os baixos níveis da medicação em seu corpo levem à resistência aos medicamentos. Gandhi reforça que ainda não é possível saber precisamente qual o mecanismo de proteção nos bebês dos Antirretrovirais tomados pela mãe.


O infectologista Francisco Ivanildo da Silveira Júnior, do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, explica que os dois estudos afirmam que somente tomar o antirretroviral na gestação ou na amamentação - seja por indicação clínica ou por profilaxia - não é o suficiente. Algumas medicações não são transferidas pelo leite materno e não estão protegendo a criança. "Isso se mostra importante, porque vemos no outro estudo que, mesmo em uma situação de baixa concentração viral, ainda existe HIV dentro de algumas células no leite, e a terapia da mãe não consegue exterminá-lo. Se o bebê não estiver sob profilaxia, esse é o gargalo que justifica a mãe passar o vírus para ele", diz. Segundo Silveira, a questão é descobrir qual o melhor antirretroviral. "Dependendo do tipo de medicação anti-HIV que é administrada, o coquetel não passa para o bebê, então o risco de overdose é eliminado, mas também é preciso que o antirretroviral não seja tóxico ao recém-nascido. Já existem alguns remédios sob estudo", conta.

A OMS estima que, em dezembro de 2009, a taxa global de transmissão de HIV de mãe para filho era de 27%. O objetivo é reduzir esse índice para menos de 5% até 2015, diminuindo o número de novas infecções pediátricas para um valor abaixo de 40 mil.

O Brasil

O trabalho de Monica Gandhi será exibido hoje na 19ª Conferência Internacional de Aids 2012. No mesmo evento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentará propostas do uso estratégico de Antirretrovirais para a redução significante da transmissão do vírus. A organização recomendará que seja considerada a modificação das práticas atuais para prevenção da transmissão vertical do HIV. A OMS traz como exemplo a oferta da terapia antirretroviral em Malaui, na África, a todas as gestantes infectadas com o HIV, independentemente da força do seu sistema imunológico. A medida não só trataria as mulheres infectadas pelo HIV, mas também preveniria a transmissão para seus filhos e parceiros.

No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda que o bebê não seja amamentado pela mãe portadora do vírus. Em vez dessa fonte nutricional, a criança recebe um substitutivo ao leite materno com o objetivo de continuar protegido de uma possível infecção viral vinda da mãe. O infectologista Alberto Chebabo, do Laboratório Exame e do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), explica que essa medida coloca o país em uma posição de vantagem frente às nações africanas. "No Brasil, conseguimos repor o leite materno com o material dos bancos de leite e com leite em pó. Mais do que a amamentação. Em qualquer mulher que chegue em trabalho de parto sem o pré-natal, um teste rápido de HIV é realizado. Se der positivo, iniciamos a administração de um antirretroviral no parto e orientamos para que não seja feita a amamentação", detalha o médico.

Ele considera que essas medidas de precaução são os principais fatores que levam à baixa incidência de transmissão vertical no país. Nos países africanos, a amamentação da mãe infectada é aconselhada pelo alto custo da alimentação por fórmula. Além disso, falta água limpa para a manipulação, e o substitutivo não possui as vantagens de prevenção a outras infecções. Por esses motivos, no cenário de recursos limitados, mães infectadas pelo HIV são incentivadas a amamentar seus bebês. No entanto, para proteger a criança da infecção a partir do leite materno, ou a mãe deve receber os medicamentos Antirretrovirais para controlar a sua carga viral ou o bebê deve receber profilaticamente remédios que combatam o vírus.

Redação da Agência de Notícias da Aids


A Agência de Notícias da Aids irá cobrir a Conferência Internacional de Aids em Washington com apoio da Anglo American, Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa do Brasil), laboratório MSD e Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Durante o evento, será também produzido um documentário com aporio da mineradora Anglo American e do SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).
 

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