Estacionamentos de R$ 15 três vezes por semana custa R$ 2.160 ao longo de um ano
Roberta Scrivano, do Economia & Negócios -SÃO PAULO -
A compra de um cafezinho por R$ 2,50 nos cinco dias úteis da semana, resulta em um gasto anual de R$ 600. Tomar dois sorvetes de R$ 4 no fim de semana, gera um desembolso de R$ 384 no ano. Estacionamentos de R$ 15 três vezes por semana durante os doze meses custam R$ 2.160 ao bolso do motorista.
Em separado são pequenos custos, mas quando somados mostram o real impacto de subtração da renda líquida. É justamente por isso que especialistas em finanças pessoais e em orçamento alertam para a importância de não se perder o controle dos gastos de valor mais baixo. "Ou desequilibra o orçamento", comenta Angela Menezes, professora de finanças do Insper (antigo Ibmec São Paulo).
Os especialistas no tema sugerem até que seja determinada uma meta de gasto diário para essas pequenas coisas. Isso porque, quando se tem dinheiro na carteira, gasta-se sem calcular. "Melhor ainda seria usar só o cartão de crédito. Porque daí, no fim do mês, já haveria, de forma detalhada, os gastos do período", diz Angela. "Mas como não é possível, uma boa saída é fazer o cálculo antes e predeterminar quanto dá pra gastar por dia e só colocar aquele valor na carteira", completa.
A dica dada pela professora do Insper serve sobretudo para aqueles que não são tão metódicos ou que têm preguiça de tomar nota de cada um dos gastos. "Detalhada ou não, sofisticada ou não, o fato é que a planilha com os débitos deve ser feita impreterivelmente. Mas, se não há aptidão para fazê-la, estipular um valor para ser gasto ao dia é uma saída", recomenda a educadora Claudia Kodja, diretora da Kodja
Informações e Investimentos.
Embora o estabelecimento de um valor-meta diário seja eficaz para o controle dos gastos, os educadores financeiros insistem em dizer que a melhor maneira de manter o equilíbrio do orçamento é fazendo uma planilha - e o mais detalhada possível. Luís Carlos Ewald, professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas, comenta que, com a anotação dos débitos, dá para detectar o peso de cada item no orçamento. "Digamos que o gasto com celular seja equivalente a 6% das despesas mensais. Pronto. Aí está um exagero que pode ser cortado", explica.
Outro exemplo dado pelo professor da FGV se refere à evolução do peso de um determinado produto no orçamento. "Se você percebe que o leite em pó está ficando mais caro e aumentando significativamente a participação no orçamento familiar, é hora de pensar em, por exemplo, em trocar para o leite em caixinha ou procurar produtos similares", exemplifica Ewald.
Como fazer o orçamento. O professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC) recomenda que o orçamento seja feito pelo método A, B, C e D: A de alimentos, B de básico (como água, luz, aluguel), C de contornável (que são os gastos que tornam a vida mais confortável, mas que em uma emergência podem ser cortados, como internet rápida e TV a cabo) e D de desnecessário (gastos com coisas que não fazem nenhuma falta).
"Os endividados devem cortar o C e o D e ficar apenas com A e B até que as coisas entrem nos eixos", explica o especialista. "Dessa forma, embora dê um pouco de trabalho, a pessoa conhecerá direito a sua vida financeira e, sem dúvida, poderá se preparar para encarar o futuro de uma forma mais tranquila e segura", complementa o professor.