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Sociedade civil planetária vota contra multinacionais desumanas

02/02/2012

O Prêmio da vergonha a Barclays (britânica ) e a Vale do Rio Doce ( brasileira).

Escrito por: Sergio Ferrari -Colaborador de Adital na Suiça. Colaboração E-CHANGER

- O Olho Crítico sobre Davos (Public Eye) outorgou seu galardão anual
- Mais de 88 mil votantes do mundo inteiro
- São contabilizadas milhões de vítimas de ambas transnacionais.

O "Public Eye Awards 2012” (Prêmio do Olho Público sobre Davos) foi outorgado a duas empresas multinacionais no marco das mobilizações antiDavos: A Barclays (britânica) e a Vale do Rio Doce (brasileira).

O Prêmio-sanção anunciado nessa sexta-feira, 27, pela Declaração de Berna e por Greenpeace Suíça, duas importantes organizações não governamentais suíças que o patrocinam, sanciona a decisão de um Jurado Internacional e da consulta pela Internet.

Enquanto o Banco Britânico Barclays fica com o Prêmio do Jurado, a premiação do Público para a Vale foi o resultado do voto online de mais de 88 mil pessoas do mundo inteiro, que se pronunciaram pela Internet.

O Banco Barclays, segundo as organizações que outorgaram o Prêmio da Vergonha, "realiza enormes benefícios, aproveitando-se do sofrimento das populações mais pobres, especulando com o aumento do preço das matérias primas alimentícias”.

Somente no segundo semestre de 2010, 44 milhões de pessoas em todo o mundo se encontraram em uma situação de extrema pobreza a partir da especulação dos alimentos. As mulheres dos países do Sul são as mais duramente atingidas por esse mecanismo, sublinham os promotores do "Eye Public Awards”.

A Vale, que recebeu o voto sanção de 25.041 pessoas (sobre os 88 mil votantes online), é seguida muito de perto pela japonesa Tepco e pela sul-coreana Samsung.

A Vale é o segundo grupo minerador e o primeiro produtor de ferro do mundo. Seus 60 anos de história estão marcados pela violação dos direitos humanos, pelas inaceitáveis condições no trabalho vividas por seus trabalhadores e a sobreexploração da natureza. Dita empresa brasileira participa atualmente na construção da represa Belo Monte, na Amazônia.

A realização de dito projeto, segundo a Declaração de Berna e Greenpeace Suíça, obrigará a cerca de 40 mil pessoas a abandonar o lugar onde vivem, sem nenhum tipo de consulta prévia e sem receber nenhum tipo de compensação.

Em dita região, 80% dos rios serão desviados pelo dique em construção, inundando uma enorme superfície, com consequências desastrosas para as populações indígenas e para o ecossistema.

Há vários anos, as duas organizações que outorgam o prêmio "Public Eye” exigem que se imponham regras obrigatórias às multinacionais para que estas assumam suas responsabilidades sociais e ambientais.

Essa exigência é assumida desde novembro passado pela Campanha "Direito sem Fronteiras”, promovida por 50 ONGs de cooperação, de direitos humanos, sindicatos e igrejas suíças. Busca impor medidas jurídicas obrigatórias para exigir às multinacionais com sede na Suíça que respeitem os direitos humanos e ambientais no Sul, segundo as leis e exigências do país de origem.

O professor de economia estadunidense Joseph Stglitz, Prêmio Nobel de Economia 2001, convidado de honra de Olho Público sobre Davos, reconheceu que graças a essa nominação, puderam ser identificadas algumas das piores empresas responsáveis no ano passado.

No entanto, agregou, não é suficiente constatar os erros de certas práticas em matéria de condições de trabalho e meio ambiente. "Necessitamos melhorias sistêmicas: incitar à criação de estruturas, de marcos legais e aumentar, enquanto cidadãos do mundo, nossas expectativas e exigências para com as empresas”. "...Somente a partir disso poderemos viver em um mundo onde as práticas de comércio durável e justo constituam a norma e não a exceção”, ressaltou Stiglitz.

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