Mesmo após ceder aumento salarial à categoria, governo não revê valores e pede para que assunto não seja generalizado
Escrito por: Leticia Cruz - Rede Brasil Atual
Um dos maiores desafios colocados aos servidores estaduais da saúde em São Paulo é fazer durar os R$ 4 que recebem por dia a título de auxílio-refeição, em uma metrópole em que o preço médio da alimentação fora de casa é de R$ 29,42. O valor de referência consta da pesquisa Datafolha de julho. O valor do benefício não é reajustado pelo governo estadual desde o ano 2000 e encorpa o rol de reivindicações da categoria.
A promessa do governo desde o ano passado é reajustar o valor do vale de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da Fipe, no acumulado desde junho de 2000 - data do último reajuste. Em reunião nesta quinta-feira (15) com o secretário de Saúde, Giovanni Cerri, e de Gestão Pública, Julio Semeghini, os representantes do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (SindSaúde) foram informados que, até o momento, não há resposta sobre o assunto.
Segundo Helcio Aparecido Marcelino, secretário-geral do SindSaúde, o governo "enrolou" e ficou de apresentar propostas sobre o auxílio na próxima reunião, marcada para o próximo dia 3. "Eles nos disseram que não teriam condições de dar perspectiva de aumento para o vale, mas vamos aguardar", disse.
O chamado "vale-coxinha" foi motivo de questionamento ao governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB), durante entrevista no último mês ao Programa do Jô, da TV Globo. "O que se pode comer por R$ 4?", indagou um médico com 22 anos de carreira que enviou carta ao programa, junto ao holerite que revelava seu salário-base de R$ 529. Em busca de exaltar o recente anúncio de reajuste salarial de 7% aos trabalhadores da saúde, Alckmin ponderou: "A gente nunca deve generalizar".
Existem diferenças nos valores recebidos pelos servidores pelo país, como por exemplo, na saúde do Distrito Federal. Eles recebem um vale-refeição que varia de R$ 126 a R$ 161 por mês (de R$ 5,72 a R$ 7,31 por dia útil), em constraste com o valor máximo a ser recebido em São Paulo (R$ 88).
No caso dos professores paulistas, o problema do vale-refeição se repete. Em 2010, o pagamento do benefício de alimentação, utilizado para realizar compras em supermercados, atrasou por cinco meses durante a gestão do então governador Alberto Goldman (PSDB). O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), à época, argumentou a defasagem do valor do auxílio, que varia na faixa de R$ 80 mensais de acordo com a carga horária dos profissionais.
Campanha
A mobilização dos servidores estaduais pelas conquistas da campanha salarial de 2011 continuam. Em ato organizado nesta quinta-feira (15) pelo SindSaúde, cerca de 300 trabalhadores se reuniram em frente à Secretaria de Estado da Saúde, para pressionar pela inclusão de funcionários administrativos no plano de carreira, que deve entrar em vigor a partir de 2012. A reestruturação desses planos de carreira foi tratada no encontro entre servidores e governo, que entregou a minuta do projeto para que fosse analisada pelos trabalhadores.
A respeito do aumento salarial, foi encaminhado à Assembleia Legislativa de São Paulo o projeto de reajuste da saúde de 7%. Os servidores reivindicavam 26% de reajuste, e continuam em estado de greve.