Escrito por: Luiz Carvalho (
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O que deveria ser uma disputa democrática na base ganha contornos de ação mafiosa. Mesmo com a decisão de reintegração de posse expedida na última sexta-feira (2) e cumprida na manhã desta segunda-feira (5), seguranças ligados à Força Sindical voltaram a invadir a sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas do Estado de São Paulo (Stig), na região central da capital paulista.
De acordo com o presidente do sindicato, Márcio Vasconcelos, o crime ocorreu por meio de um contrato de prestação de serviço assinado por parte da direção, ameaçada pela Força. “Por pressão do senhor Paulo Pereira da Silva (presidente da Força Sindical e deputado federal pelo PDT-SP), que se acha acima da lei, foram obrigados a assumir um acordo que não especifica quantidade e não define quais pessoas estarão aqui. Foi a forma fajuta que a Força encontrou de manter os bate-paus lá dentro”, disse.
Segundo o dirigente, que deixou o local por uma questão de segurança e seria o responsável por autorizar tal medida, o custo diário do “serviço” é de R$ 6 mil ao dia. “Além de tudo, é um assalto, um achaque aos trabalhadores”, define.
Um tapa na cara da democracia - Pela manhã, após a ação do oficial de Justiça garantir a retomada do sindicato pelos gráficos, houve um acordo entre a atual direção e a oposição para a retirada de todos os seguranças do local. Uma outra empresa seria contratada de forma a garantir o andamento das atividades da organização ao menos até o início do próximo ano, quando ocorrem as eleições na entidade.
Porém, a Força voltou a pressionar parte da direção, que se viu obrigada a assinar um documento em que admite a atuação de prestadores de serviço. Na prática, as mesmas pessoas que invadiram o sindicato anteriormente.
O esquema criminoso, ressalta o dirigente, inclui a distribuição de um boletim produzido por essa central com dados pessoais como endereço e telefone de Vasconcelos e de seus familiares.
O presidente conta também que acionou a polícia militar, mas foi instruído a procurar o poder Judiciário. “Os policiais alegaram que não poderiam fazer nada, que precisávamos da presença do oficial de Justiça. Formou-se uma milícia que não quer lagar o sindicato. O que nos resta é denunciar ao Ministério Público.”
Prejuízo onde importa para eles - O desejo da Força de não deixar o osso tem um motivo simples: com 89 anos de história, o Stig é o maior sindicato de gráficos da América Latina, com 50 mil trabalhadores na base e 17 mil filiados. Tanto quanto a importância histórica, representa um grande prejuízo para quem está preocupado com os dividendos que o imposto sindical traz.
Enquanto isso, a campanha salarial, que definiu a pauta em assembleia no dia 28 de agosto, permanece paralisada. O mesmo acontece com as aulas ministradas no sindicato, suspensas por conta do repúdio dessa central ao desejo da categoria.